Agressões a recruta. Sargento afastado e 'Catarina' sob proteção especial
Caso denunciado pela vítima ao Diário de Notícias revela as primeiras consequências. O Parlamento aprovou, esta terça-feira, a audição à porta fechada da ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, e do chefe do Estado-Maior do Exército (CEME).
© Reuters
País Exército
Uma recruta do Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME), em Abrantes, denunciou ter sido alvo de práticas violentas, quer a nível físico, quer a nível verbal, por parte de outros militares, incluindo um sargento, que, sabe-se agora, foi afastado das suas funções até que a investigação do caso apure todos os factos.
"O afastamento do militar das atividades de formação constitui uma medida cautelar, em face dos factos que estão a ser apurados em sede do processo de averiguações em curso, que foi instaurado na passada sexta-feira", confirmou ao Notícias ao Minuto o tenente-coronel João Bento, porta-voz do Exército, numa notícia primeiramente avançada pelo Diário de Notícias, que indica, ainda, que a vítima foi colocada sob proteção especial (terá sido alvo de ameaças de morte de outros soldado).
A história foi denunciada pela própria recruta ao mesmo diário, no dia 6 de janeiro. 'Catarina' (nome fictício) revelou que as práticas violentas estão inseridas no âmbito de "uma praxe que na gíria denominam de 'Formação Orientada de Desenvolvimento de Atitudes'".
A recruta em causa relatou à mesma publicação que foi submetida a um "intenso esforço físico exigido pelo RAME, que a terá levado à exaustão e à ansiedade, acabando por ir parar ao hospital com uma crise de taquicardia". Além disso, a jovem foi atingida com pedradas, foi obrigada a fazer exercício físico à chuva, apesar de estar medicada devido à Covid-19 e com baixa médica passada pelo Hospital das Forças Armadas, entre outros.
Nessa altura, o Governo anunciou que o caso vai ser acompanhado pela ministra da Defesa Nacional.
"Na sequência das alegações trazidas a público pela comunicação social foi desencadeado um novo processo urgente de averiguações, que a ministra da Defesa Nacional acompanhará, e de cujas conclusões serão retiradas todas as consequências", indicou num comunicado do Ministério da Defesa Nacional.
Fonte oficial do ministério confirmou à Lusa que o processo foi aberto pelo Exército.
Na nota é adiantado que a ministra Helena Carreiras recebeu "com grande preocupação" as notícias sobre alegadas práticas violentas em atividades de formação do Exército.
Estas práticas, lê-se no texto, terão sido "aparentemente muito mais graves do que as que constavam do processo de averiguações e processos disciplinares já em curso pelo Exército naquela unidade militar".
"A ministra da Defesa Nacional repudia veementemente comportamentos atentatórios da dignidade das pessoas, que são totalmente inaceitáveis e incompatíveis com os valores e princípios fundamentais que norteiam as Forças Armadas e o trabalho quotidiano dos militares que nelas servem", podia ainda ler-se.
O Parlamento aprovou, esta terça-feira, a audição à porta fechada da ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, e do chefe do Estado-Maior do Exército (CEME).
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