Integrar como docentes 200 técnicos do profissional? "Há impossibilidade"

O Ministério da Educação afirmou hoje que "há uma impossibilidade objetiva" de integrar os mais de 200 professores dos cursos profissionais na carreira docente, em vez da de técnico superior, explicando que não existiu um programa aplicável.

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Lusa
26/01/2023 10:50 ‧ 26/01/2023 por Lusa

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Ministério da Educação

"Os trabalhadores abrangidos, mais de 200, já tinham visto os seus processos em condições de possibilitar a abertura dos concursos. Não existiu um programa PREVPAP aplicável à carreira docente, pelo que se constata uma impossibilidade objetiva de se aplicar a estes técnicos", indicou a tutela, em resposta à Lusa.

A todo o tempo, acrescentou o ministério liderado por João Costa, "estes técnicos superiores, tal como outros, podem, preenchidos os requisitos previstos na lei, ingressar na carreira docente, ao abrigo dos procedimentos estabelecidos no DL 132/2022 na sua redação atual".

Em causa estão mais de 200 Técnicos Especializados para a Formação que tinham já recorrido ao Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários na Administração Pública (PREVPAP), tendo visto o seu processo homologado em 2019.

Na quarta-feira, em comunicado, estes técnicos denunciaram que a tutela ia avançar com a sua integração na carreira de técnico superior, acusando a tutela de aproveitar as greves para, "à socapa", fazer esta alteração que representa perda de rendimento.

"Aproveitaram esta revolução que está na Educação, o facto de andarem muito ocupados com a reivindicação dos sindicatos das carreiras dos professores, para mandar isto à socapa. Não publicaram e mandaram [a informação] diretamente para os diretores", disse, à data, Maria Olinda Marques, Técnica Especializada para Formação.

Questionado sobre matéria remuneratória destes técnicos, o ministério esclareceu que, "após a realização do concurso, são integrados na 2.ª posição remuneratória da carreira de técnico superior, nível 16 da tabela remuneratória única, a que corresponde em 2023 a remuneração de 1320,15Euro [euros]", valor inferior ao salário atual auferido por muitos destes técnicos, que ronda os 1.400 euros.

Acrescenta ainda que, "após a integração na carreira técnico superior, é efetuada a reconstituição da mesma sendo para esse efeito considerado o período de exercício de funções que deu origem a esta regularização extraordinária, aplicando-se-lhes o regime previsto para este efeito".

Ouvida na quarta-feira pela Lusa, Maria Olinda Marques, docente no Agrupamento de Escolas Abel Salazar, São Mamede de Infesta, Matosinhos, explicou que os docentes dos cursos profissionais foram surpreendidos, na segunda-feira ao final do dia, com a informação de que seriam integrados na carreira de Técnico Superior, apesar de exercerem funções de docentes e assumirem, em muitos casos, cargos de coordenação, direção de curso e turma, entre outros.

"Ficamos incrédulos com aquilo que o ministério estava a fazer, até porque, já em 2019, [a tutela] tinha recuado porque nós não nos enquadrávamos no perfil do técnico superior", disse.

"Agora aparece no perfil de técnico superior um paragrafo que descreve as funções de formador", afirmou, acusando a tutela de fazer uma alteração que permite enquadrar qualquer trabalhador nestas funções e, mais grave, permitir que qualquer técnico superior possa substituir um professor.

Na mesma situação, Hélder Caridade, docente e diretor de Curso na Escola profissional de Ponte de Lima, classifica esta decisão da tutela como uma "tremenda injustiça".

Considera mesmo estar-se perante uma ilegalidade que, para além da desclassificação da sua carreira, tem impacto financeiro.

"Eu tenho um mestrado, uma pós-graduação, estou a fazer um doutoramento, ganho 1.400 euros brutos. Com esta integração vou ganhar cerca de 114 euros menos, mas um colega que não é licenciado tem um aumento de cerca de 200 euros, onde está a legitimidade disto?", rematou, acrescentando que os técnicos especializados têm dez dias para aceitar as vagas colocadas a concurso. Se não aceitarem, perdem a vaga.

"Nós queremos ser integrados, mas não nestas condições", rematou Hélder Caridade que desempenha funções de docente há 12 anos.

Entre outras reivindicações, os técnicos Especializados para Formação exigiram, na quarta-feira, em comunicado, que as regras para integração na carreira docente sejam estendidas a estes técnicos especializados, como aconteceu com outros docentes.

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