"Vimos as imagens. A realidade é pior". Missão portuguesa ruma à Turquia

O ministro da Administração Interna e o ministro dos Negócios Estrangeiros teceram agradecimentos aos operacionais de partida para a Turquia, que "serão um orgulho para Portugal".

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Daniela Filipe
08/02/2023 20:21 ‧ 08/02/2023 por Daniela Filipe

País

Turquia

Horas antes da partida da Força Operacional Conjunta (FOCON) para a Turquia, cujo voo foi, esta quarta-feira, adiado para as 22h00, devido a “constrangimentos relacionados com o atraso do voo comercial”, tanto o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, como o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, teceram agradecimentos aos 53 operacionais pela sua “disponibilidade, prontidão, e sentido humanitário”. O ministro dos Negócios Estrangeiros não deixou de realçar que, após ter conversado com o homólogo turco, Mevlüt Çavuşoğlu, “a realidade é pior” do que as imagens transmitidas pelas televisões.

“Quero deixar aqui uma palavra de profundo agradecimento. Profundo agradecimento desde logo ao Ministério da Administração Interna, ao senhor ministro pela rapidez com que pôde reunir estes meios, esta força de 53 homens e mulheres que partem, agora, para a Turquia, numa manifestação de solidariedade”, começou por dizer João Gomes Cravinho, em declarações a partir do Terminal Militar de Figo Maduro, em Lisboa.

O responsável salientou ser sua “esta palavra de agradecimento”, mas também do seu colega, “o ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, que se mostrou muito sensibilizado por este gesto muito significativo da parte portuguesa”.

Acredito que a situação será muito difícil. Todos vimos as imagens na televisão. Aquilo que o meu colega me transmitiu foi que a realidade é pior. Vão ter circunstâncias de trabalho muito difíceis. Sei que serão um orgulho para Portugal”, apontou, sob o olhar atento dos operacionais.

Por seu turno, José Luís Carneiro realçou que, “um momento tão crítico da vida do povo turco e também do povo sírio, é o momento em que Portugal mostra a sua solidariedade internacional”, com o envio de “elementos com muita experiência de participação em cenários com a complexidade e com a dificuldade que irão encontrar”.

O cenário de destruição é desolador e, portanto, ides encontrar naturalmente circunstâncias que não deixarão de mexer com a vossa sensibilidade. Aquilo que vos queria dizer é, por um lado, uma palavra de agradecimento pela vossa disponibilidade e prontidão para servirem Portugal e a solidariedade internacional nesta missão de assistência”, disse, acrescentando que “com isto estamos a demonstrar que as forças que integram a administração interna se projetam para um esforço de afirmação de Portugal como um país coprodutor de segurança e de proteção civil em termos internacionais”.

Nessa linha, o ministro da Administração Interna desejou aos operacionais “as maiores felicidades para esta missão”, salientando que, “aqui, em Portugal, todos estamos a fazer força para que esta missão seja bem sucedida na salvaguarda de vidas humanas, na proteção dos seus bens e na própria reposição das condições de vida nos melhores termos possíveis”.

“Hoje partis vós, na sexta-feira partirá uma outra missão para o Chile. Mas, neste momento, é sobretudo devida uma palavra de agradecimento pela vossa disponibilidade, pela vossa prontidão, pelo vosso sentido humanitário”, rematou.

Além do ministro dos Negócios Estrangeiros e do ministro da Administração Interna, estiveram no local a secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, e a secretária de Estado da Promoção da Saúde, Margarida Tavares, para se despedir desta força composta por operacionais da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), da Guarda Nacional Republicana, do Regimento Sapadores Bombeiros e do Instituto Nacional de Emergência Médica.

O sismo de magnitude 7,8 na escala de Richter atingiu o sudeste da Turquia e o norte da vizinha Síria, tendo sido seguido de várias réplicas e de um novo terramoto de magnitude 7,5, que os especialistas disseram ter sido consequência do primeiro.

O balanço do sismo de segunda-feira na Turquia e na Síria ultrapassou os 11.200 mortos, de acordo com os números oficiais divulgados esta quarta-feira. O desastre natural causou ainda o desabamento de um total de 5.775 edifícios, segundo as autoridades.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que 23 milhões de pessoas estão "potencialmente expostas, incluindo cerca de cinco milhões de pessoas vulneráveis", depois de já ter referido que teme "balanços oito vezes maiores que os números iniciais".

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, já na segunda-feira tinha declarado três meses de estado de emergência nas dez províncias afetadas, sublinhando que estes terramotos representam o maior desastre natural sofrido no país desde o sismo de 1939 em Erzincan, no leste da Turquia, que fez mais de 32 mil mortos.

Leia Também: Sismo. Adiada hora de partida de missão portuguesa para a Turquia

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