"Dor e sofrimento nunca prescrevem. Podem durar a vida toda"
"Não tenham medo de falar, não tenham medo de denunciar. Não estão sozinhos", vincou Pedro Strecht, destacando que "quase 50% das pessoas" que falaram com a Comissão Independente até à idade atual "nunca tinham falado disto com mais ninguém".
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País Pedro Strecht
O coordenador da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, Pedro Strecht, assumiu, à margem dos resultados do sumário executivo do relatório final sobre o tema, "que a dor e o sofrimento psicológico nunca prescrevem e podem durar a vida toda".
A Comissão, que foi recebida por Marcelo Rebelo de Sousa, apontou que "mudar a lei está nas mãos dos legisladores", referindo, em entrevista à RTP, que se esse for o caminho com o qual Marcelo "está em total sintonia", Portugal não estará sozinho, uma vez que outros países da Europa já alargaram o prazo de prescrição dos casos.
Na ótica de Pedro Strecht, a Comissão Independente procurou "dar muito a dimensão humana" ao relatório dos abusos sexuais na a Igreja para que todas as pessoas que os contactaram sentissem que não são só mais um número.
"Não tenham medo de falar, não tenham medo de denunciar. Não estão sozinhos", vincou o coordenador na estação pública, destacando que "quase 50% das pessoas" que falaram com a Comissão Independente até à idade atual "nunca tinham falado disto com mais ninguém".
Segundo Pedro Strecht "o que aconteceu pode ser uma mudança na mentalidade global".
A Comissão quer os crimes a prescrever só depois de as vítimas fazerem 30 anos, alterando a lei atual que define que prescrevem depois de as vítimas fazerem 23 anos.
De recordar que a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica revelou esta segunda-feira que recebeu 512 testemunhos validados relativos a 4.815 vítimas desde que iniciou funções em janeiro de 2022 e enviou para o Ministério Público 25 casos de entre os 512 testemunhos validados recebidos ao longo do ano, anunciou o coordenador Pedro Strecht.
O pico de casos terá ocorrido entre 1960 e 1990, com 25% destes reportados desde 1991. Cerca de 77% dos agressores são padres, que abusavam uma maioria de vítimas do sexo masculino, com uma média 11,2 anos de idade.
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