A ministra da Defesa, Helena Carreiras, afirmou, esta terça-feira, que houve “uma mudança de perspetiva” sobre a invasão russa da Ucrânia e que agora se adotou, pelo Ocidente, a “ideia de que o tempo salva vidas”.
“O tempo salva vidas. A velocidade salva vidas e, portanto, todos os países devem pensar nas suas doações e no seu contributo de maneira mais célere”, afirmou aos jornalistas à margem de uma reunião de ministros da Defesa da aliança transatlântica NATO, em Bruxelas, acrescentando que a ajuda dos países também “inclui treinos, manutenção e sustentação” do armamento enviado.
Questionada sobre o apelo que Jens Stoltenberg fez na segunda-feira para que os Estados-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) enviem mais armamento a Kyiv, Helena Carreiras concordou com o secretário-geral, mas defendeu "o equilíbrio": "Nós ajudámos a Ucrânia, ajudámo-la com o material que podemos disponibilizar em cada momento, procurando o equilíbrio entre essa ajuda e a manutenção das nossas capacidades."
Em simultâneo, os Estados-membros que estão a auxiliar as Forças Armadas da Ucrânia têm de "pensar nas reservas de guerra, as munições, o desenvolvimento industrial", em linha com o que Stoltenberg tinha dito na segunda-feira, quando exortou os países que compõem a aliança militar a aumentarem a produção de munições.
No caso de Portugal, serão enviados três tanques Leopard 2, que a ministra espera que “cheguem à Ucrânia até ao final de março”. Segundo a responsável, têm decorrido "conversas" com outros países para "cumprir esse objetivo", nomeadamente com a Alemanha.
Helena Carreiras sublinhou ainda que os “meses decisivos” da invasão russa da Ucrânia “serão abril, maio e junho”, uma vez que a Rússia “está a preparar uma grande ofensiva na primavera”.
“Há a sensação clara de que há uma ofensiva em preparação para a primavera. Os meses decisivos serão abril, maio e junho e, portanto, é preciso antes ajudar a Ucrânia a preparar-se para fazer a contraofensiva”, disse a ministra.
“É fundamental para a Ucrânia poder defender-se e é esse o nosso esforço coletivo”, sublinhou.
Sobre o envio de caças, Helena Carreiras reiterou que Portugal não irá enviar aviões de combate para a Ucrânia, algo que tem sido pedido pelo governo de Kyiv nas últimas semanas.
“Há países que poderão vir a considerar. No nosso caso, como o senhor primeiro-ministro já informou, não está em cima da mesa e não estamos a pensar fazê-lo”, disse.
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que mais de sete mil civis morreram e cerca de 12 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
[Notícia atualizada às 16h00]
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