Ângela Ferreira tornou-se o rosto da inseminação 'post mortem' em Portugal, depois da sua luta incessante para engravidar do marido, Hugo, que morreu em 2019, vítima de cancro. Na segunda-feira, anunciou que estava grávida e irá conceber o primeiro bebé que nasceu no nosso país após a morte do pai.
Desde junho são permitidas todas as técnicas de procriação medicamente assistida pós-morte e Ângela Ferreira não perdeu tempo, apesar da taxa de sucesso dos tratamentos ser praticamente nula.
"Em outubro, quando iniciei o meu tratamento, o meu corpo reagiu muito rápido, fiz a punção, que é a recolha dos ovócitos", contou a futura mamã, numa entrevista exclusiva à TVI, acrescentando que fez a transferência do embrião no dia 5 de dezembro do ano passado.
Passaram 13 dias até fazer o teste de gravidez. Às 06h40 do dia 18 de dezembro chegou o resultado positivo que sempre desejou: estava grávida de 2/3 semanas.
"Tens dois corações a bater dentro de ti neste momento"
"Supostamente esperas cinco minutos, eu acho que nem olhei para o tempo, foi instantâneo mesmo. O 'grávida' apareceu logo e depois demorou só uns segundos a aparecer as semanas. Claro que fiquei super feliz, porque era um primeiro passo mas, ao mesmo tempo, tive receio de estar a festejar demais", contou.
Esperou até 7 de fevereiro para fazer a ecografia do primeiro trimestre para ter a certeza de que tudo estava bem. "Sinceramente eu pensei sempre, se estiver ok, ótimo, resultou, mas tentei ter sempre o mindset de que se não resultar tenho lá mais quatro para tentar".
Durante a ecografia, mostrada na reportagem, foi quando Ângela sentiu que "efetivamente é real". "Tens dois corações a bater dentro de ti neste momento", afirmou com felicidade, acrescentando que já há suspeitas sobre o sexo do bebé mas, por agora, irá ficar no 'segredo dos deuses'.
"Neste momento o Hugo estaria, e acredito que está, completamente alucinado de felicidade", concluiu.
De recordar que, em 2020, Ângela Ferreira foi a protagonista de uma reportagem da TVI sobre inseminação pós-morte, contando que queria engravidar através do sémen deixado em criopreservação pelo marido, ainda em vida e antes de morrer de cancro.
A história de Ângela Ferreira deu origem a uma petição que, no espaço de poucos dias, juntou 100 mil pessoas para pedir que a inseminação pós-morte fosse discutida no Parlamento.
A lei foi aprovada, ainda chegou a ser vetada pelo Presidente da República, e acabou por ser promulgada no final de 2021, entrando em vigor em novembro do ano passado e abrindo a porta a que Ângela pudesse finalmente completar o processo.
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