"Gritos" de fome e falta de higiene. A realidade de um lar no Montijo
Em causa está o Lar Peninsular, de onde surgem denúncias de que os idosos passam diversos dias sem tomar banho e, muitas vezes, vão dormir sem ter tido qualquer refeição prévia.
© Reprodução
País Montijo
Funcionários de um lar de idosos do Montijo têm vindo, recentemente, a denunciar a falta de condições em que os utentes são mantidos. A notícia foi avançada pela SIC Notícias e diz respeito ao Lar Peninsular, onde os idosos passam diversos dias sem tomar banho e, muitas vezes, vão dormir sem ter efetuado qualquer refeição prévia.
A falta de comida disponível para os utentes deste lar tem sido, efetivamente, uma das principais preocupações relatadas por trabalhadoras deste estabelecimento.
"Em cerca de 50 utentes, a quantidade que ia nos pratos era muito pouca. Se eu comesse dois ou três bocados de frango, se calhar ia faltar para alguém. Então, comia uma sandes, ou ia ao café, ou comia uma sopa", explicou, em declarações à SIC Notícias, uma das antigas diretoras técnicas do Lar Peninsular, que não quis ser identificada e que deixou de trabalhar nesta instituição já em 2019.
Tudo isto acontecia, segundo relatou à estação televisiva, pelo facto de o dinheiro que o proprietário do lar fornecia para garantir as refeições diárias de todos os utentes ser manifestamente insuficiente. E explicou: "Não era o suficiente em detrimento da condição física, da medicação que as pessoas tomam e não era de todo o suficiente para pessoas adultas".
A mesma fonte disse ainda acreditar que os utentes "se fossem deitar sem ter uma refeição" prévia.
Porém, as críticas desta antiga diretora técnica não se ficam por aqui. "Muitas vezes, não havia sabonete para limpar as mãos, toalhetes de mão. Às vezes, faltava papel higiénico e outras vezes faltavam manápulas", relatou à SIC Notícias.
As (reduzidas) condições de higiene em que os utentes deste lar eram mantidos e a falta de comida existente no estabelecimento foram, também, sublinhadas por outra funcionária, que ainda trabalha no Lar Peninsular. “Ver lá as pessoas a gritarem que tinham fome. De manhã, quando a gente entra, o mijo chega até cá acima, à cabeça", contou.
A SIC Notícias diz ter contactado a Segurança Social a propósito das condições em que os 43 idosos que agora se encontram internados no estabelecimento são mantidos, que garantiu que "não foram detetadas falhas na higiene do espaço".
O dono do lar, Mohamed Sacoor, tem, por sua vez, evitado falar com a estação televisiva na sequência da reportagem.
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