"Não fui feliz", admite Ornelas após conferência sobre abusos na Igreja

"Não consegui passar aquilo que levava para dizer", lamentou o bispo.

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Márcia Guímaro Rodrigues
09/03/2023 09:59 ‧ 09/03/2023 por Márcia Guímaro Rodrigues

País

Conferência Episcopal Portuguesa

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, o bispo José Ornelas, admitiu que a conferência de imprensa da passada sexta-feira “não correu bem” e que não foi “feliz” nas suas intervenções.

“Compreendo e assumo que não fui feliz. Não correu bem, a comunicação não foi adequada. Não consegui passar aquilo que levava para dizer”, disse em entrevista ao jornal Expresso, cujo excerto foi publicado esta quinta-feira.

O também bispo de Leiria-Fátima referia-se à conferência após a Assembleia Plenária extraordinária do episcopado, na qual foi analisado o relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica Portuguesa.

Na altura, D. José Ornelas referiu que os nomes dos abusadores foram entregues a cada diocese, destacando, contudo, que sem a identidade das vítimas será “muito difícil” investigar os nomes da lista.

"É uma lista de nomes. Sendo uma lista de nomes, sem outra caracterização, torna-se difícil essa investigação, exige redobrados esforços", referiu.

Na segunda-feira, o psiquiatra Daniel Sampaio, membro da Comissão Independente, negou que a Igreja tenha recebido “só uma lista de nomes”. “Não é verdade que é só uma lista de nomes. A lista foi obtida a partir das denúncias de vítimas - em que a vítima X diz que foi abusada pelo padre Y - e da investigação resultante do Grupo de Investigação Histórica junto dos arquivos. E a lista que foi entregue resulta da junção destas duas”, disse, em declarações à Lusa.

"Quando o cardeal-patriarca diz que a Igreja não tem dados não é verdade", afirmou o psiquiatra, que sublinhou: "Não é uma lista de nomes que caiu do céu".

Sublinhe-se que a Comissão Independente validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.

Leia Também: Abusos sexuais? Igreja "tem de indemnizar" vítimas se for condenada

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