Nenhuma queixa de assédio na FDUL seguiu para tribunal

Nenhuma queixa de assédio feita no ano passado à Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) chegou a tribunal, revelou hoje a instituição, que está a elaborar um código de conduta para a prevenção e combate ao assédio.

Notícia

© Wikimedia Commons

Lusa
13/04/2023 16:39 ‧ 13/04/2023 por Lusa

País

Assédio sexual

Há um ano, o Conselho Pedagógico da FDUL abriu uma linha de denúncias e, em apenas 11 dias, recebeu 50 queixas de assédio e discriminação que acusavam 10% dos professores da faculdade.

Entre os acusados, havia um docente que era alvo de nove queixas e outros dois a quem eram atribuídos cinco crimes a cada.

Questionada sobre as diligências levadas a cabo na sequência das denúncias, a instituição explicou que todas as denúncias eram anónimas, tendo o Conselho Pedagógico elaborado um relatório que "foi enviado pela Faculdade ao Ministério Público que procedeu ao seu arquivamento", explicou à Lusa o gabinete de imprensa da Faculdade de Direito.

Na altura, a Faculdade de Direito decidiu também criar um Gabinete de Apoio à Vítima (GAV), para ajudar a lidar com situações de assédio e discriminação, de forma confidencial, oferecendo aconselhamento jurídico e psicológico.

O GAV recebeu, ainda durante o ano passado, 10 denúncias e "a todas foi dado o adequado seguimento, tanto que daí resultaram três processos de inquérito aos quais foram atribuídos instrutores externos à FDUL, que concluíram pelo seu arquivamento, por prescrição".

A Lusa questionou a instituição sobre a data das alegadas ocorrências e qual o tipo de situação relatada nas denúncias, mas instituição disse que "a Faculdade não pode revelar o conteúdo das queixas objeto de análise".

Em dezembro do ano passado, a Faculdade explicou o que aconteceu às restantes queixas: duas eram de natureza pedagógica e cinco relativas a "factos absolutamente prescritos, relacionados com o funcionamento dos serviços ou juridicamente não relevantes".

Desde então, não surgiram novas queixas, mas a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa decidiu manter o serviço em funcionamento por lhe "atribuir relevância ao projeto como resposta a quem se encontre num estado de fragilidade perante situações de assédio".

Hoje, o gabinete de imprensa anunciou ainda que a instituição está a elaborar um código de conduta, que conta com a participação de representantes de todos os órgãos da Faculdade.

Em dezembro do ano passado, a Federação Académica de Lisboa realizou um inquérito que revelou que cerca de dois em cada dez estudantes universitários já tinham sido vítimas ou testemunhas de casos de assédio.

A maioria dos inquiridos (85%) disse na altura não ter conhecimento de qualquer gabinete ou linha de denúncia, defendendo a importância da sua existência.

Esta semana vieram a público acusações de assédio e violência sexual no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra feitas por três investigadoras.

Os acusados são o sociólogo Boaventura Sousa Santos, diretor emérito do CES, e o antropólogo Bruno Sena Martins, investigador da instituição, que entretanto já negaram todas as acusações.

Leia Também: Lisboa. Estudantes dizem que canais de denúncia de assédio funcionam mal

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas