Raimundo diz não entender como afirmações de Lula criaram "embaraço"
O secretário-geral do PCP disse hoje não compreender como é que as declarações do presidente brasileiro "de que era preciso falar mais de paz e menos de guerra", criaram "embaraço", defendendo ser preciso "afirmar a paz, não a guerra".
© REINALDO RODRIGUES
Política Ucrânia
"O que é embaraçoso é como é que uma proclamação de Lula, apelando a que é preciso falar mais de paz e menos de guerra, como é que isso é um embaraço. Fico constrangido com o embaraço que cria falar-se de paz e não se falar de guerra", afirmou o dirigente comunista.
Paulo Raimundo, que falava aos jornalistas à margem de um encontro com as trabalhadoras da Huber Tricôt - Confecções, em Santa Maria da Feira, defendeu ser preciso "afirmar a paz", não a guerra.
"Se há coisa que o 25 de Abril acabou foi com a guerra e abriu os caminhos da paz para o país", disse, acrescentando que o presidente brasileiro, Lula da Silva, reforçou a necessidade de se encontrarem "os caminhos para a paz".
"É preciso que todos os esforços dos países, independentemente das opções que têm, sejam no sentido de construir a paz. Andamos a dizer isso ainda a guerra não tinha assumido a escalada que assumiu. Tudo o que é caminho para a paz estamos de acordo", disse.
E acrescentou, "aliás, não só estamos de acordo, como achamos que esta preocupação cresce e alarga cada vez mais na sociedade portuguesa e não só".
Na semana passada, durante a sua viagem à China e aos Emirados Árabes Unidos, Lula da Silva disse que os EUA deveriam deixar de "encorajar" a guerra e "começar a falar de paz", tal como a União Europeia, e insistiu em apontar-lhes o dedo por "contribuírem" para a continuação da guerra, enviando armas ao Governo ucraniano.
Depois de ter sido criticado pelos Estados Unidos da América e pela União Europeia pelas suas declarações, o Presidente brasileiro salientou, na terça-feira, que condena a invasão russa da Ucrânia, ao mesmo tempo que defende a paz.
"Ao mesmo tempo em que o meu governo condena a violação da integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociada. Falei da nossa preocupação com os efeitos da guerra, que extrapolam o continente europeu", disse Lula da Silva.
O Brasil condenou a invasão da Ucrânia na ONU, mas também se alinhou com as posições da Rússia, votando a favor de uma investigação sobre o ataque ao gasoduto Nordstream em setembro passado.
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