O secretário-geral do Partido Socialista (PS), António Costa, afirmou, este domingo, que a comissão parlamentar de inquérito à TAP deverá “apurar toda a verdade doa a quem doer”, mas sublinhou que o Governo “deve respeitar o seu funcionamento”.
“A comissão de inquérito deve exercer as suas funções, apurar a verdade doa a quem doer. Agora, o Governo deve respeitar o funcionamento da comissão parlamentar de inquérito. O Governo não pode estar a comentar - nem deve estar a comentar - o que é que diz cada pessoa que é ouvida, ou cada documento que é entregue”, referiu o primeiro-ministro, que sublinhou estar a falar “enquanto secretário-geral do PS”, em entrevista à RTP, após ter sido questionado sobre o parecer jurídico que fundamenta as exonerações dos administradores da TAP.
Costa lembrou que “é a Assembleia da República que aprova as conclusões da comissão de inquérito” e que cabe ao Governo, “se tiver de tomar alguma medida”, decidir o que fazer “em função desses resultados”.
“Estar a interferir numa comissão de inquérito? Era o que mais faltava. Seria uma total irresponsabilidade”, atirou.
O primeiro-ministro admitiu ficar “perplexo” quando “alguém que tem a ambição de ser primeiro-ministro”, como o líder do PSD, Luís Montenegro, “em vez de adotar este comportamento institucional e confiar nas instituições”, “a cada acontecimento quer torná-lo no episódio da semana”.
“As comissões de inquérito não são uma arma de arremesso político. Se são, perdem a sua credibilidade”, acrescentou.
Questionado sobre se o ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que se demitiu na sequência das polémicas na TAP, ainda poderá vir a ser o seu sucessor, Costa afirmou que não irá “interferir” e os “militantes do PS são livres de escolher”.
“O que fiz, enquanto secretário-geral, e que é meu dever, é procurar identificar quem são os melhores quadros do PS, mobilizá-los para a ação política e dar oportunidade para que provem as suas capacidades”, referiu.
"O Pedro Nuno Santos é indiscutivelmente um dos grandes quadros políticos do Partido Socialista", acrescentou, frisando que a "vida política tem momentos de sucesso e momentos de insucesso".
No passado dia 3 de fevereiro, a proposta do BE para constituir uma comissão de inquérito à tutela política da gestão da TAP, com duração de 90 dias, foi aprovada no parlamento, com a abstenção do PS e PCP e os votos a favor dos restantes partidos.
O texto aprovado sem votos contra estabelecia uma comissão parlamentar de inquérito "à tutela política da gestão da TAP" que incida em particular entre 2020 e 2022, averiguando a entrada e saída da antiga governante Alexandra Reis e as responsabilidades da tutela nas decisões tomadas.
[Notícia atualizada às 21h26]
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