Santos Silva caracteriza Lula como um estadista e defensor da democracia
O presidente da Assembleia da República caracterizou hoje o chefe de Estado do Brasil como um líder político e um estadista que venceu eleições livres, reduziu as desigualdades sociais e soube defender as instituições democráticas.
© Global Imagens
País Brasil/Portugal
Estas posições foram defendidas por Augusto Santos Silva no discurso que proferiu na cerimónia de boas-vindas ao Presidente do Brasil, Lula da Silva, no parlamento, também na presença do chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, António Costa.
"Consigo, Brasília volta a abrir-se ao mundo, porque em si reconhecemos o líder político cujas políticas sociais contribuíram decisivamente para a redução da pobreza e das desigualdades no Brasil. Em si reconhecemos o estadista que se apresentou e venceu eleições livres e que, depois, quando alguns tentaram invadir e derrubar as instituições democráticas brasileiras, soube defendê-las sem qualquer hesitação", declarou o presidente da Assembleia da República.
Estas afirmações foram aplaudidas por todos os deputados da esquerda parlamentar, mas não pelas bancadas do PSD e do Chega.
Augusto Santos Silva salientou em seguida que, do ponto de vista diplomático, "a personalidade que os brasileiros escolhem como Presidente é sempre bem-vinda ao parlamento português".
E completou que o parlamento português "se orgulha de já ter recebido em sessão solene quatro" de chefes de Estado do Brasil e Lula da Silva pela segunda vez.
Numa alusão à polémica sobre a presença de Lula da Silva no parlamento no dia 25 de Abril, o ex-ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros agradeceu, "em nome da Assembleia da República, todos os gestos de atenção fraterna" da parte brasileira em relação a autoridades políticas nacionais, "neles incluindo a forma calorosa como o congresso brasileiro recebeu, em 2022, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa".
"E saúdo a intensidade do relacionamento entre as autoridades das duas nações, o qual faz novamente jus à proximidade e intimidade do relacionamento entre os dois povos", acrescentou.
De acordo com a versão apresentada pelo presidente da Assembleia da República, "o encontro de agendas" faz com que a sessão solene de boas-vindas ao Presidente do Brasil ocorresse "numa data muito importante para Portugal, a data da celebração da revolução democrática, o 25 de Abril".
"O dia em que nas ruas e no peito de muitos portugueses, o cravo vermelho simboliza a nossa liberdade e a forma pacífica como a alcançámos. Também esta revolução democrática e pacífica une os dois países", defendeu.
Justificando esta tesa, o presidente da Assembleia da República deixou uma crítica indireta ao anterior chefe de Estado brasileiro e apontou que "poucos compreenderam e cantaram melhor o 25 de Abril do que Chico Buarque de Holanda, galardoado em 2019 com o Prémio Camões -- o prémio que, depois de superados os obstáculos colocados pelo sectarismo preconceituoso, pôde enfim, ontem mesmo, receber".
"A transição portuguesa dos anos 70 viria a inspirar a transição brasileira dos anos 80. Desde então, as duas democracias vêm aprofundando o comum alinhamento em torno da liberdade e do pluralismo político, dos direitos humanos, do Estado democrático de direito e com forte componente social, da separação de poderes, da promoção do desenvolvimento inclusivo e da vinculação à igualdade e não discriminação. Somos, pois, os dois países, irmãos pela história e irmãos pela liberdade democrática", sustentou.
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