O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, falava aos jornalistas após a cerimónia de boas-vindas ao Presidente do Brasil, Lula da Silva, que antecedeu a 49.ª sessão solene comemorativa do 25 de Abril de 1974, no parlamento.
Para o dirigente socialista, hoje "ficou claro para todos que a linha vermelha que o PS definiu é necessária à saúde da democracia" e mostrou-se preocupado com as declarações do presidente do PSD, Luís Montenegro, que tinha falado momentos antes, criticando-o por "fazer equivalências" entre os partidos à esquerda do PS no parlamento "e a extrema-direita".
Minutos antes, o presidente do PSD afirmou que "os extremismos fazem mal à democracia, sejam de direita ou de esquerda", e voltou a recusar o apoio de "políticos ou políticas" racistas, demagógicas ou irresponsáveis, criticando o PS por estar hoje "muito focado em digladiar-se politicamente com a extrema-direita, esquecendo que há pouco tempo andava de braço dado com a extrema-esquerda".
Na reação, o líder parlamentar do PS comentou: "Essas equivalências são apenas desculpas para manter a funcionar um Governo com apoio da extrema-direita, numa região autónoma em Portugal, e aquilo que se pedia depois de hoje é que se fosse consequente e que esse Governo não tivesse apoio do PPD/PSD".
Segundo Brilhante Dias, "Montenegro sabe o que deve fazer para acabar com o seu discurso dúbio" sobre a extrema-direita.
"Um dos trabalhos democráticos que temos de fazer nesta legislatura, que acaba em 2026, é também de alguma forma ajudar o PPD/PSD a salvar-se como partido democrático e o PS estará sempre disponível para ajudar o PPD/PSD a não esquecer as suas raízes democráticas e aquelas que são as raízes bem fundas de homens" como Francisco Sá carneiro ou Francisco Pinto Balsemão ou Magalhães Mota, fundadores do PSD, disse.
Brilhante Dias defendeu que "este é o momento" de ajudar o PSD a "construir uma linha vermelha face à extrema-direita e não a ajudar o PPD/PSD a confundir os portugueses com um discurso de equivalências com partidos que são democráticos e que há muito estão representados no parlamento", sustentou.
O líder parlamentar socialista defendeu ainda que a Assembleia da República conseguiu hoje, "com um cunho fortemente democrático, marcar bem a linha vermelha face à extrema-direita parlamentar" e foi capaz, na receção de um Presidente de "um país irmão", responder aos que "não têm respeito pelas instituições democráticas" construídas após o 25 de Abril.
O dirigente socialista destacou, na intervenção do presidente do parlamento, Augusto Santos Silva, o "sublinhado muito importante sobre o tempo democrático" e a forma como é necessário "respeitar o voto dos portugueses".
Já quanto ao discurso do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, Brilhante Dias elogiou as referências à comunidade emigrante em Portugal, "sublinhando que o povo português é um povo de emigração, que deve acolher bem os emigrantes" e que "há sempre um 25 de Abril para construir todos os dias".
"Foi um dia difícil para esta instituição, é um dia particularmente difícil porque a extrema-direita decidiu confrontar esta instituição profundamente democrática com falta de educação e sem respeito pelo nosso convidado, mas fomos capazes de responder", vincou.
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