Esta posição foi assumida por António Costa em declarações aos jornalistas, após a cerimónia de entrega do Prémio Camões 2021 à escritora moçambicana Paulina Chiziane no antigo Picadeiro Real, em Lisboa.
Questionado se João Galamba tem condições para conduzir o processo de privatização da TAP, o líder do executivo respondeu: "As condições para cada um de nós exercer as suas funções medem-se desde logo pelos resultados".
"Ainda na quinta-feira o ministro das Infraestruturas teve ocasião de lograr um acordo que pôs termo a uma greve na CP, - uma greve que já se arrastava há bastante tempo, prejudicando a vida do dia a dia dos portugueses", disse.
António Costa considerou que essa foi "uma excelente notícia" proveniente do setor tutelado por João Galamba.
"E isso é a demonstração de que está a exercer as suas funções e com bons resultados", sustentou.
Interrogado se João Galamba não deveria ter mantido o seu pedido de demissão do Governo, assumindo na plenitude as suas responsabilidades, o primeiro-ministro reagiu: "Não vamos revisitar a história, porque a história é muito clara".
"Quando o ministro das Infraestruturas entendeu que esse seu colaborador [Frederico Pinheiro] não merecia a sua confiança procedeu à sua demissão. Tudo o que aconteceu a seguir foi consequência dessa demissão. Portanto, não invertamos a história", declarou o primeiro-ministro.
Na quinta-feira, na sua comunicação, Presidente da República prometeu que estará "ainda mais atento e mais interveniente no dia a dia" para prevenir fatores de conflito que deteriorem as instituições e "evitar o recurso a poderes de exercício excecional".
O chefe de Estado qualificou a sua discordância em relação à decisão do primeiro-ministro de manter João Galamba como ministro das Infraestruturas como uma "divergência de fundo" e considerou que essa decisão de António Costa tem custos "na credibilidade, na confiabilidade, na autoridade do ministro, do Governo e do Estado".
"O que sucedeu terá outros efeitos no futuro. Terei de estar ainda mais atento à questão da responsabilidade política e administrativa dos que mandam, porque até agora eu julgava que sobre essa matéria existia, com mais ou menos distância temporal, acordo no essencial. Viu-se que não, que há uma diferença de fundo", considerou.
"Assim, para prevenir o aparecimento e o avolumar de fatores imparáveis e indesejáveis de conflito, terei de estar ainda mais atento e mais interveniente no dia a dia, para evitar o recurso a poderes de exercício excecional que a Constituição me confere e dos quais não posso abdicar", prosseguiu.
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