Fim da pandemia? Desafio é "capacitar SNS para poder enfrentar a próxima"
O presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) considerou expectável o fim da emergência global para a covid-19 hoje anunciado, mas alertou para a necessidade de Portugal se preparar para eventuais futuras pandemias.
© Artur Machado / Global Imagens
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"Estávamos um pouco à espera de que essa decisão fosse tomada e, portanto, não é totalmente inesperada, tendo em conta a evolução epidemiológica da pandemia no mundo inteiro", adiantou à Lusa o médico Gustavo Tato Borges.
Segundo os últimos dados da Direção-Geral da Saúde, desde 01 de março de 2020, quando foram notificados os primeiros casos, até quarta-feira, Portugal registou mais de 5.582.987 caso de infeção pelo vírus SARS-CoV-2 e 26.616 mortes associadas à covid-19.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou hoje o fim da emergência de saúde (PHEIC, na sigla em inglês) para a covid-19 a nível global, o nível mais alto de alerta, aceitando a recomendação do comité de emergência que se reuniu na quinta-feira.
"No último ano, o comité de emergência e a OMS têm estado a analisar os dados com cuidado, considerando quando seria o tempo certo para baixar o nível de alarme. Ontem, o comité de emergência reuniu-se pela 15.ª vez e recomendou-me que declarasse o fim da emergência global. Eu aceitei esse conselho", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus em conferência de imprensa.
Esta decisão significa, na prática, que a OMS considera que este é o momento para os países fazerem a transição do modo de emergência para a gestão da covid-19 em simultâneo com outras doenças infecciosas.
Para Gustavo Tato Borges, Portugal "já fez essa transição", ao incorporar a covid-19 no sistema de vigilância epidemiológica das doenças transmissíveis.
"Em termos de vigilância de saúde pública, eu diria que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está perfeitamente capaz de assumir esta doença no seu modelo tradicional de vigilância epidemiológica", adiantou o presidente da ANMSP.
Segundo disse, o desafio agora passa por "capacitar o SNS para poder enfrentar a próxima pandemia", através da criação de planos de contingência adequados, formação dedicada aos profissionais de saúde e reforço dos serviços de saúde pública em várias áreas.
"Esse é o passo mais difícil agora. Aproveitar o que aprendemos com a covid-19, mas alargando a outras áreas, para dar a resposta adequada", caso venha a ser necessário, referiu Tato Borges.
Sobre a decisão da OMS, o presidente da ANMSP salientou ainda que "a covid-19 não desapareceu", já que o vírus continua em circulação, mas a população está agora "mais em equilíbrio com ele", sendo, porém, necessário manter alguns cuidados e a vacinação.
A PHEIC, o nível mais alto de alerta da OMS, foi declarada em 30 de janeiro de 2020, numa altura em que pouco mais de 100 casos de infeção pelo coronavírus tinham sido detetados fora da China, sem nenhuma morte registada.
Segundo a OMS, mais de três anos depois, foram reportados oficialmente cerca de sete milhões de mortos, mas o diretor-geral da organização admitiu hoje que o número real de óbitos é "várias vezes maior", chegando a "pelo menos 20 milhões".
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