Em Lisboa, Kuleba agradece a "povo português por apoiar povo da Ucrânia"
O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano reuniu-se com o seu homólogo português, João Gomes Cravinho, no qual acordaram a intervenção de Portugal para "envolver países da América Latina, África e Ásia" na Fórmula de Paz ucraniana.
© Horacio Villalobos#Corbis/Getty Images
País Guerra na Ucrânia
O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, agradeceu, esta sexta-feira, ao "povo português por apoiar o povo da Ucrânia" na sequência da invasão russa da Ucrânia.
"A única razão pela qual vim a Portugal foi para agradecer ao povo português por apoiar o povo da Ucrânia, os refugiados e a nossa comunidade", começou por referir o ministro ucraniano, numa conferência de imprensa com o seu homólogo português, João Gomes Cravinho, no Palácio das Necessidades, em Lisboa.
Kuleba quis ainda agradecer "ao Governo de Portugal" por "refletir a vontade do povo" e "tomar decisões no sentido militar e político" para apoiar a Ucrânia.
No encontro entre os dois ministros dos Negócios Estrangeiros, foi discutido o "apoio militar" e "toda a dinâmica da guerra". "Estamos alinhados em relação à necessidade da Ucrânia em restaurar a sua integridade territorial", garantiu Kuleba, acrescentando que convidou Portugal a "juntar-se à coligação de jatos" e no "treino de pilotos ucranianos".
O ministrou lembrou que Portugal já participa no grupo de fornecimento de tanques modernos: "Por isso achamos que também seria muito útil se pudessem trabalhar em aviões connosco", justificou.
Sobre a coligação internacional para fornecer caças à Ucrânia, Kuleba lembrou que "sempre defendeu que seria inevitável" e que agora a iniciativa está a "evoluir mais rapidamente do que nos meses anteriores".
Foi ainda discutida a "Fórmula de Paz" ucraniana, desenvolvida pelo presidente Volodymyr Zelensky, tendo os ministros "concordado em coordenar esforços" para "envolver países da América Latina, de África e da Ásia".
"Gostaria de salientar o meu agradecimento e apreciamento pelo João [ministro português] por concordar em trabalhar connosco e com esses países, com os quais Portugal tem uma relação mais estreita", sublinhou.
De acordo com Dmytro Kuleba, qualquer proposta de mediação é bem-vinda, se atender a dois princípios fundamentais para Kyiv: o primeiro sobre o pleno restabelecimento da integridade territorial da Ucrânia e o segundo relacionado com o não congelamento do conflito.
"Não precisamos de mais nada que nos pertença de acordo com o Direito Internacional, nem vamos ceder um quilómetro quadrado do nosso território", assegurou, acrescentando, por outro lado, que "nenhuma iniciativa de mediação deve basear-se no pressuposto de que devemos congelar o conflito e depois ver o que acontece".
E o que iria acontecer, segundo frisou o ministro ucraniano, seria "uma invasão ainda maior da Rússia", como demonstra a experiência desde a guerra no Donbass (leste ucraniano) e a anexação da península da Crimeia, em 2014.
Apesar de várias iniciativas diplomáticas desde então, Kuleba recordou que essas não impediram a invasão da Ucrânia no ano passado.
Kuleba e Cravinho têm ainda um "entendimento comum" em relação à adesão da Ucrânia à aliança transatlântica NATO, tendo o ministro ucraniano agradecido o "apoio de Portugal junto da União Europeia".
Por outro lado, advertiu que todo o apoio ainda é insuficiente: "Não me entendam mal, mas seja nos Estados Unidos, em Portugal, ou em qualquer outro país do mundo, direi que já foi feito o suficiente".
Para Kuleba não importa de onde venha a ajuda e insistiu na necessidade de mais: "Não basta enquanto não ganharmos. Assim que ganharmos, direi que já foi feito o suficiente (...). Depois da vitória, quando a Ucrânia ganhar, vou agradecer".
Na fase atual, Kuleba reiterou que a Ucrânia precisa de "coisas clássicas" para um país em guerra.
Além dos aviões de combate, o assunto mais quente dos últimos dias e que divide os Estados-membros da NATO, "é preciso armas, aliados e dinheiro", concluiu.
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que mais de oito mil civis morreram e cerca de 15 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
[Notícia atualizada às 22h16]
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