"Elad Dror, atual CEO, irá resignar ao cargo com efeitos imediatos de forma voluntária, tal como declarado anteriormente diante do juiz [de instrução criminal] aquando da sua audição, permitindo assim que a empresa possa continuar a sua atividade sem quaisquer interferências do e no processo em curso, que estimamos que termine sem mais acusações", referiu a Fortera, em comunicado enviado às redações.
O novo diretor-executivo será anunciado na próxima semana, garantiu.
Na sexta-feira, à saída do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto onde foi ouvido depois de ter sido detido no dia 16, Elad Dror disse aos jornalistas que "vai pagar o milhão de euros" que lhe foi aplicado como medida de coação para poder ficar em liberdade.
O Grupo Fortera admitiu que as alegações e acusações que surgiram no âmbito desta operação, levada a cabo pela Polícia Judiciária (PJ) a 16 de maio em vários locais, como as câmaras de Vila Nova de Gaia, Porto e Braga, na Metro do Porto, na Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) e o gabinete do arquiteto Eduardo Souto Moura, o "tomaram de surpresa".
"Acreditamos firmemente que as alegações se revelarão infundadas, pois nunca houve qualquer envolvimento do Grupo Fortera em quaisquer ações que pusessem em causa os seus investimentos no país", vincou.
No documento, a empresa reforçou que sempre pautou a sua atividade sustentada em valores como a transparência e a integridade, servindo até como modelo para outros seguirem.
E acrescentou: "Apesar da dificuldade destes últimos dias, o Grupo Fortera quer enfatizar a sua gratidão junto das instituições bancárias, os seus parceiros, os seus clientes e fornecedores por terem declarado firmemente o seu apoio e confiança inabaláveis junto da administração da empresa, o que comprova as fortes relações construídas desde a sua fundação".
O Grupo Fortera ressalvou que os seus projetos imobiliários Skyline e Centro de Congressos em Vila Nova de Gaia foram iniciados e apoiados pela Câmara Municipal de Gaia, tendo-o declarado como um empreendimento emblemático para a cidade.
"Queremos assim tornar claro que o envolvimento do Grupo Fortera no projeto Skyline deriva de um convite a si endereçado para construir um centro de congressos com capacidade para 2.500 pessoas. Em troca, foi concedida à empresa a capacidade de construção e respetivas isenções fiscais, sujeitas à aprovação pela Assembleia Municipal e sujeitas à discussão pública, tal como previsto na lei", frisou.
A empresa recordou que, nos últimos oito anos, se dedicou "incansavelmente" a criar um impacto positivo em Portugal, particularmente na região Norte e em Vila Nova da Gaia, para onde captou investimento significativo, beneficiando a economia local e criando centenas de postos de trabalho.
"Asseguramos a todas as partes interessadas que, doravante, continuaremos a manter e a respeitar os nossos compromissos com a responsabilidade e a excelência que sempre nos pautaram desde o início da nossa atividade em Portugal", concluiu.
Este processo principal da Operação Babel centra-se "na viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanístico em favor de promotores associados a projetos de elevada densidade e magnitude, estando em causa interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros, mediante a oferta e aceitação de contrapartidas de cariz pecuniário".
Estão em causa crimes de recebimento ou oferta indevidos de vantagem, de corrupção ativa e passiva, de prevaricação e de abuso de poder, praticados por e sobre funcionário ou titular de cargo político.
Além de Elad Dror foram detidos o vice-presidente da Câmara de Gaia, Patrocínio Azevedo (PS), que ficou em prisão preventiva, um empresário, um advogado, dois funcionários da Câmara do Porto e um funcionário da DRCN.
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