O atual modelo de duplas celebrações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas foi lançado por Marcelo Rebelo de Sousa no ano da sua posse, 2016, em articulação com o primeiro-ministro, António Costa.
Em território português, tem lugar uma cerimonia de caráter mais solene e militar, que associa o 10 de Junho às Forças Armadas. No estrangeiro, a data é festejada junto de emigrantes portugueses e lusodescendentes, aos quais o chefe de Estado se refere como fazendo parte do "território espiritual" da nação.
Em 2020 e 2021, este modelo foi interrompido devido à pandemia de covid-19, e só houve cerimónias em território nacional. Em 2022, por motivos de saúde, António Costa não participou nas cerimónias do 10 de Junho, que se realizaram em Braga e Londres.
No ano passado, na cerimónia militar comemorativa do 10 de Junho, em Braga, Marcelo Rebelo de Sousa fez uma intervenção de quinze minutos, toda dedicada ao povo, aos "milhões e milhões de portugueses de carne e osso" que construíram Portugal e se espalharam pelo mundo.
"Se é verdade que os seus soberanos, os seus líderes, os seus chefes encheram também páginas da nossa História, não é menos que sem o povo, sem a arraia-miúda de que falava Fernão Lopes, não teria havido o Portugal que temos", afirmou.
"Foi esse povo quem morreu aos milhares na conquista do território, partiu em cascas de noz pelos oceanos para o desconhecido, ficou espalhado um pouco por todo o universo, e deixou língua, alma e saudades das raízes E ainda esteve nos momentos decisivos para podermos vir a ser o que somos, desde os combates nos séculos XIV e XVII pela nossa independência, a nossa restauração", acrescentou.
O Presidente da República manifestou a vontade de abraçar todos os que vivem fora de Portugal e considerou que "quanto mais longe estão, mais portugueses ficam".
Depois, na noite de 10 de Junho, Marcelo Rebelo de Sousa discursou em Londres, onde enalteceu a "comunidade mais jovem" portuguesa no estrangeiro, a do Reino Unido, país que qualificou como "querido aliado" secular de Portugal.
Em 2023, pela primeira vez, as celebrações do Dia de Portugal vão começar no estrangeiro, na África do Sul, cinco dias antes da data oficial, prosseguindo depois em território português, no Peso da Régua, distrito de Vila Real, onde terá lugar a cerimónia militar anual do 10 de Junho.
Na África do Sul, o primeiro ponto do programa do Presidente da República será a Cidade do Cabo, na segunda-feira, seguindo-se Pretória e Joanesburgo, onde se deverá entretanto juntar a Marcelo Rebelo de Sousa o primeiro-ministro, António Costa.
Marcelo Rebelo de Sousa escolheu o Peso da Régua no contexto da designação do Douro, património da humanidade, como Capital Europeia do Vinho em 2023, e designou presidente da comissão organizadora do 10 de Junho o enólogo João Nicolau de Almeida.
Em 2016 o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas foi celebrado entre Lisboa e Paris, em 2017 entre o Porto e o Brasil, em 2018 entre os Açores e os Estados Unidos da América e em 2019 entre Portalegre e Cabo Verde.
Em 2020, a pandemia de covid-19 levou o chefe de Estado a cancelar as comemorações do 10 de Junho que estavam previstas para a África do Sul em conjunto com a Madeira. A data foi assinalada com uma "cerimónia simbólica" no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
A celebração da data na Região Autónoma da Madeira acabou por ocorrer em 2021, na cidade do Funchal, mas sem comemorações no estrangeiro nesse ano.
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