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"Não se faz a um animal o que fizeram à minha neta", diz avó de Jéssica

Começaram a ser julgados os cinco arguidos no caso da morte de Jéssica, incluindo a mãe, que a avó paterna da menina acredita ser "capaz de tudo".

"Não se faz a um animal o que fizeram à minha neta", diz avó de Jéssica
Notícias ao Minuto

11:57 - 05/06/23 por Notícias ao Minuto com Lusa

País Jéssica

Arrancou esta segunda-feira em Setúbal o julgamento sobre o homicídio de Jéssica, a menina de três anos que morreu em junho de 2022, com a avó paterna da menina, Maria Lídia, a considerar que a morte da criança foi "brutal" e "não se faz a um animal".

Jéssica morreu no dia 20 de junho, devido a maus-tratos sofridos ao longo de vários dias enquanto esteve ao cuidado de uma suposta ama. A criança foi devolvida à mãe por volta das 10 horas do dia 20, quando já não se encontrava consciente.

Em declarações aos jornalistas, Maria Lídia, que marcou presença à porta do tribunal para pedir justiça pela neta, pediu "mão pesada" contra todos os cinco arguidos do caso, acusando-os de serem "assassinos".

"Foi brutal o que fizeram à minha menina. Ela era linda, esperta. Mataram a minha menina brutalmente. Não se faz a um animal o que fizeram à minha neta", afirmou a avó paterna, citada pela SIC Notícias.

Maria Lídia acrescentou que, quando visitava Jéssica, "estava sempre tudo bem", mas fez duras críticas conta a mãe da criança, que é arguida no processo e é, diz, "uma mulher que é capaz de tudo".

"Eu sempre disse na Judiciária e volto a dizer que foi ela que começou. Depois deu aos outros para acabar, para não ser sozinha neste filme de horror", defendeu a avó.

O início do julgamento sofreu ainda um atraso devido à greve dos funcionários judiciais, estando previsto para as 9h15 desta segunda-feira.

A mãe, Inês Sanches, é acusada de homicídio qualificado e de ofensas à integridade física qualificada, por omissão. A alegada ama, Ana Pinto, o seu marido, Justo Ribeiro Pontes, e a filha de ambos, Esmeralda Pinto Montes, estão os três acusados de homicídio qualificado consumado, rapto, rapto agravado e coação agravada.

Estes três arguidos, bem como outro filho de Ana Pinto, Eduardo Montes, estão ainda acusados de um crime de violação agravado e de um crime de tráfico de estupefacientes agravado.

O despacho de acusação do Ministério Público refere que, durante os cinco dias em que permaneceu na casa de Ana Pinto como garantia de pagamento da dívida da mãe, de 200 euros, por alegadas práticas de bruxaria com o objetivo de melhorar o relacionamento de Inês Sanches com o companheiro, a pequena Jéssica foi sujeita a vários episódios de maus-tratos violentos e utilizada como correio de droga.

Os sinais evidentes do sofrimento de Jéssica foram ignorados durante várias horas pela própria mãe, facto que a investigação considerou que também poderá ter contribuído para a morte da criança, que viria a ocorrer poucas horas depois no Hospital de São Bernardo, em Setúbal.

A mãe da Jéssica, já depois de ter sido acusada, pediu para ser sujeita a uma perícia psiquiátrica para atestar a sua eventual imputabilidade reduzida, mas esse pedido foi recusado pelo juiz do processo.

Leia Também: Julgamento do homicídio de Jéssica começa hoje no Tribunal de Setúbal

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