O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, comentou, esta sexta-feira, o caso do cidadão português ferido num ataque em Annecy, em França, e considerou ser "evidente" que os portugueses sejam "apanhados" quando há "problemas que expõem os que estão a trabalhar na rua" devido à grande comunidade portuguesa no país.
Em declarações aos jornalistas, Marcelo revelou que teve conhecimento do caso quando estava no avião, no regresso da África do Sul.
"Ainda estamos a apurar. [O português] quis interpor-se entre um atacante e uma vítima e acabou por ser atingido do lado da intervenção policial e do lado do atacante", explicou o chefe de Estado, acrescentando que o português, com cerca de 70 anos, "está estável, felizmente".
"A maior comunidade portuguesa no estrangeiro é em França. É evidente que quando há problemas que expõem os que estão na rua a trabalhar, apanhem-nos pelo meio", acrescentou.
Sobre a visita do presidente francês, Emmanuel Macron, ao hospital onde o português está internado, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que o homólogo "sabe o que deve aos portugueses em França".
"Macron foi visitá-lo ao hospital porque sabe o que deve aos portugueses em França. Deve-o há muito tempo, porque nós fomos bater-nos pela França na Primeira Guerra Mundial. Só na batalha de La Lys foram milhares de portugueses que foram massacrados. Os franceses sabem que uma parte da sua independência cabe a Portugal", afirmou.
Na quinta-feira, um agressor de nacionalidade síria com uma faca feriu seis pessoas - incluindo quatro crianças pequenas - num parque na cidade de Annecy, nos Alpes Franceses, tendo sido detido após o ataque, informou o Ministério da Administração Interna francês.
O atacante usava um crucifixo e entre os seus pertences estava um livro de orações. Declarou-se cristão quando pediu asilo.
Há dez anos obteve o estatuto de refugiado na Suécia, onde se casou e tem um filho com uma mulher de quem se separou no ano passado.
Desde o final de 2022 está em França onde pediu asilo, mas não tem morada fixa. A resposta ao pedido de asilo, que foi negativa, chegou-lhe no passado domingo, ou seja, poucos dias antes do ataque no parque em Annecy, como sublinharam as autoridades francesas.
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