O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recusou, este sábado, que o seu discurso na cerimónia militar comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, no Peso da Régua, distrito de Vila Real, fosse um 'recado' sobre o ministro das Infraestruturas, João Galamba, ou sobre a atual crise política.
"A vida de Portugal foi sempre assim, houve sempre a necessidade de novas ideias, de novos projetos, por isso é que eu falei que ao longo da história, mesmo os momentos que pareciam muito bons, como foi o momento de D. Joao II e D. Manuel, foram difíceis", começou por dizer o chefe de Estado, em declarações à RTP.
Interrogado sobre se ao falar desses momentos difíceis, na atualidade, se referia à polémica em torno de João Galamba ou à crise no Governo, o Presidente direcionou a sua resposta para outros campos: "Quer momentos mais difíceis do que a guerra? Quer momentos mais difíceis do que a inflação? Quer momentos mais difíceis do que a crise económica e financeira? Tudo isso existe, não podemos ignorar."
Perante a insistência dos jornalistas e questionado sobre o Governo deveria olhar mais para o país, o Presidente fez questão de destacar que o seu discurso teve uma "visão histórica".
"Num discurso de 10 de Junho fala-se no país, da sua história, com uma visão histórica. Não se fala da última notícia da manhã, de ontem, de anteontem ou do dia seguinte. Isso fala-se noutras ocasiões. Nesses momentos fundamentais fala-se um pouco das lições da história e nós temos, de vez em quando, de conhecer a nossa história, perceber os desafios que se colocam, as lições dessa historia e aquilo que é fundamental que façamos como um todo", disse.
"Depois há vários caminhos, uns que vão por ali, outros por acolá, uns gostam outros desgostam, mas isso fala-se todos os dias. No 10 de Junho, no 25 de Abril, no 5 de Outubro, fala-se daquilo que é essencial para o país. E o essencial para o pais é, tendo presente os problemas do momento, não esquecer as lições da história e olhar como uma perspectiva não para o dia seguinte – amanhã o que é que vai sair, não. O que é que queremos que seja Portugal daqui por 5 anos, 10 anos", acrescentou.
Confrontado especificamente sobre o facto de ter afirmado ser necessário "cortar os ramos mortos que atingem a árvore toda", palavras descritas como "fortes", Marcelo disse que esse é o seu "estilo" e que estas são palavras que se aplicam "em toda a vida das sociedades".
"Eu uso muitas vezes palavras fortes, é o meu estilo", sublinhou.
"É uma evidência em toda a vida das sociedades. É na vinha, é na cultura em geral na agricultura em particular, tem que se plantar de novo, tem de se semear, tem de se podar, na nossa vida é o que nós fazemos. Coisas que como sociedade correm bem e correm mal. Na minha vida também há coisas que correram mal, outras que correram melhor, E se correram mal eu corrijo ou tento corrigir, se correm melhor, tenho de fazer melhor ainda. Não é uma novidade. Isso aplica-se à vida das pessoas, à vida das comunidades, à vida das instituições", rematou.
Leia Também: Da "mobilização" à "árvore nova". Partidos reagem ao discurso de Marcelo