"Na sequência dos acontecimentos relativos à Operação Babel e que levaram a que eu fosse detido preventivamente, venho anunciar publicamente que apresentei, esta manhã, a minha renúncia ao mandato de vereador do executivo da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, bem como de presidente da Comissão Política do Partido Socialista de Vila Nova de Gaia", referiu Patrocínio Azevedo numa carta assinada por si e datada de hoje e a que a Lusa teve acesso.
Na missiva, Patrocínio Azevedo vincou que a renúncia não é a assunção de qualquer responsabilidade ou sentimento de culpa.
"É sim a consciência de que as acusações que impendem sobre mim, apesar de falsas, prejudicam a governação municipal e o projeto político do qual fiz parte. Neste momento, reafirmo, uma vez mais, a minha inocência", frisou.
Patrocínio Azevedo encontra-se, desde 19 de maio, em prisão preventiva no âmbito da Operação Babel por determinação do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto.
Apesar de ficar em prisão preventiva, o antigo vice-presidente não renunciou de imediato ao mandato.
Este processo principal da Operação Babel centra-se "na viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanístico em favor de promotores associados a projetos de elevada densidade e magnitude, estando em causa interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros, mediante a oferta e aceitação de contrapartidas de cariz pecuniário".
"Os supostos crimes praticados relacionados com o hipotético favorecimento a um promotor imobiliário em troca de contrapartidas monetárias é duplamente falso. Falso porque nunca recebi contrapartidas financeiras em troca de licenciamentos ou de agilização de procedimentos. Falso porque em todos os processos referenciados, de onde se destaca o Centro de Congressos de Gaia, o promotor não beneficiou de qualquer favorecimento", sublinhou Patrocínio Azevedo.
Na carta, Patrocínio Azevedo referiu que a sua missão nesta autarquia do distrito do Porto termina "mais cedo do que poderia imaginar", sendo tempo da justiça fazer o seu trabalho de forma "célere e justa".
E concluiu: "Tenho a consciência absoluta de que provarei a minha inocência, mas também sei que isso poderá ocorrer só daqui a muitos meses, possivelmente anos, por isso, e apesar de ter sido condenado em praça pública, a única coisa que peço é, mais do que acreditarem em mim, que me deem o benefício da dúvida".
O presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues (PS), anunciou a 22 de maio em reunião do executivo municipal, que a vice-presidência passaria a ser assegurada pela vereadora Marina Mendes, responsável pelos pelouros da Educação e Ação Social.
[Notícia atualizada às 12h07]
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