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"Cancelado". Cartaz de ministro com lápis no olho "recusado" em exposição

Organização do Comité aceitou a proposta de Pedro Brito para que o cartaz fizesse parte da exposição. Dias depois, voltou atrás: "Não nos havíamos apercebido da dimensão da polémica em volta deste". Docente contou a sua versão do caso no blogue pessoal.

"Cancelado". Cartaz de ministro com lápis no olho "recusado" em exposição
Notícias ao Minuto

08:56 - 29/06/23 por Notícias ao Minuto

País Polémica

A polémica adensou-se quando, no 10 de junho, Dia de Portugal, docentes surgiram nas comemorações - que este ano se realizaram no Peso da Régua - com cartazes em que o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro da Educação, João Costa, surgiam com lápis espetados nos olhos. Agora, o 'caso' continua após o professor responsável pela autoria destes vir a público afirmar que foi "cancelado" por uma exposição. 

Em causa está, explica Pedro Brito no seu blogue, uma resposta do professor a  "uma 'open Call Cartazes', organizado pelo Comité e integrada, fruto de uma parceria, na programação do COMbART - Conferência internacional Sobre Arte, Ativismo e Cidadania, organizado pelo Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS.NOVA). De acordo com o que o docente revela, enviou então "para o Comité uma obra/cartaz para participação no evento".

Em 16 de junho, segundo o e-mail que Pedro Brito reproduziu na página - e que pode ler abaixo -, a organização respondeu à proposta de participação com o cartaz em que o ministro da Educação 'aparece' com o lápis no olho e onde se pode ainda ler a palavra 'Demissão'. 

"Obrigado pela sua proposta da OPEN CALL CARTAZES, ela fará parte da exposição no comité intitulada: inclinação para o proibido, que terá lugar entre o dia 3 e 21 de julho", foi escrito. 

Notícias ao Minuto Primeiro e-mail enviado pela organização da exposição© Reprodução - Blogue Pedro Brito

Dias depois, a 19 de junho, ao que o docente reproduz, a intenção do comité alterou-se. "Quando, na sexta-feira, lhe escrevemos sobre o seu cartaz, não nos havíamos apercebido da dimensão da polémica em volta deste e, principalmente, em torno do cartaz caricaturando o primeiro-ministro António Costa", é referido.

E acrescenta-se: "A conferência COMbART é um projeto financiado pela FCT desde 2019 que envolve muitos autores com um trabalho significativo. A nossa exposição procura repensar, de forma experimental e anónima, a estética de rua, rua que, neste momento, está, precisamente, completamente ocupada pela polémica em torno deste cartaz". 

O comité da organização do evento termina vincando que, "apesar de compreendermos e apoiarmos a luta dos professores, não podemos deixar que a polémica em torno do seu cartaz ofusque um trabalho de anos feito pelos autores que trabalham connosco e, por isso, recusamos expor o seu cartaz". "Lamentamos não nos termos apercebido antes desta situação e esperamos que compreenda". 

Notícias ao Minuto Segundo e-mail enviado pela organização do CombArt© Reprodução - Blogue Pedro Brito

Este e-mail mereceu uma resposta do docente Pedro Brito, "repudiando a infeliz decisão de retirar" a obra do evento. "Lamentavelmente, o processo de exclusão da minha obra, em nada dignifica a conferência COMbART, bem pelo contrário, a ação levada a cabo por V. Ex.as subverte clara e inequivocamente os princípios enunciados e as temáticas centrais do evento e, não menos grave, indicia a sujeição a eventuais pressões externas, mobilizadas no sentido de diminuir a capacidade de resistência da academia ao silenciamento das vozes desalinhadas e discordantes e do espírito crítico, de que tanto precisamos para robustecer o meio académico, a vida social, política e artística do nosso país", defendeu-se.

Pode ler aqui na íntegra - no blogue de Pedro Brito - as declarações e a troca de e-mails.

O que está em causa? 

Recorde-se que um conjunto de organizações de professores marcou presença nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, no Peso da Régua. A polémica 'estalou' quando surgiram cartazes com uma caricatura do primeiro-ministro, António Costa.

Os cartazes mostravam o governante com nariz de porco, lábios pronunciados e lápis espetados nos olhos. Um outro mostra uma imagem semelhante do ministro da Educação, João Costa, mas sem quaisquer características suínas. Em ambos, lê-se a palavra "demissão". 

Apesar de ter considerado que "o protesto dos professores faz parte da liberdade e da democracia", o chefe de Governo virou-se para trás e chamou um dos manifestantes a segurar o cartaz de "racista", visivelmente exaltado, de acordo com a agência Lusa. 

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) foi a primeira a demarcar-se dos atos. "A FENPROF demarca-se daquelas imagens, considerando que para se exigir respeito é necessário saber respeitar. Se a lutar também se está a ensinar, não se podem usar como armas o insulto e populismo. Imagens como as que foram exibidas não dignificam os professores e a sua justa luta", afirmou a estrutura sindical em comunicado.

Seguiu-se o Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP), na noite de domingo, a indicar que "o protesto de professores que teve lugar nas comemorações do 10 de Junho não foi convocado pelo sindicato STOP". "Os profissionais de educação que ali se manifestaram exerceram o seu direito de protesto de forma livre, enquanto cidadãos em pleno uso dos seus direitos constitucionais", apontou.

Leia Também: Cartazes "violentos"? "Marcelo está a dessolidarizar-se de Costa"

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