Escolas católicas com mais procura rejeitam ligação à crise na pública
O presidente da Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC) admitiu hoje que estes estabelecimentos registam um aumento da procura, mas considera que seria "uma enorme injustiça" relacioná-la apenas com alguma instabilidade registada nos últimos meses na escola pública.
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País APEC
Para Fernando Magalhães, reduzir "a esse fator o aumento da procura das escolas católicas e do ensino particular seria uma enorme injustiça em relação à qualidade dos seus projetos educativos, que têm vindo a ter crescentemente uma procura por parte das famílias".
Rejeitando que estas escolas sejam dirigidas a uma elite, este responsável sublinhou, antes, o "extraordinário sacrifício" feito por muitas famílias "para terem os filhos num estabelecimento de ensino particular", bem como o apoio dado por estes estabelecimentos na educação de pessoas com menores rendimentos, através de "algumas bolsas de empresas" ou dos orçamentos das próprias instituições.
Não dispondo de números que atestem o aumento da procura, Fernando Magalhães disse à agência Lusa que os indicadores que tem advêm das reuniões com os responsáveis pelas escolas.
"Sentimos que temos muita procura, estamos com mais procura. No ciclo 'y' ou no ciclo 'z', às vezes até em contra rota. Por exemplo, há colégios em que o pré-escolar está com uma procura louca, quando ao nível do Estado se assiste a um encerramento de salas do pré-escolar", disse o presidente da APEC.
A associação abre hoje, em Fátima, as comemorações dos seus 25 anos, com uma jornada pedagógica dedicada ao tema "Pacto Educativo Global e a aliança Escola -- Família Princípios, desafios e práticas'".
Aos membros das escolas católicas, o presidente da APEC quer deixar o desafio feito pelo Papa Francisco no sentido do pacto educativo global: "Um dom extraordinário que nós temos em mãos e que nós temos de saber aproveitar", a par da missão de preservar "a identidade como escolas católicas", com base em três palavras de ordem, "identidade, missão e comunhão".
Quanto ao balanço que faz dos 25 anos da APEC, Fernando Magalhães afirmou que, "apesar de contextos de época muito distintos, os de há 25 anos e de agora, as preocupações centrais são as mesmas", radicando na "defesa da liberdade de ensinar e de aprender, da liberdade dos pais de poderem escolher o projeto educativo para os seus filhos, e afirmar-se, no meio de tudo isso, também a particular identidade da escola católica".
"É óbvio que uma identidade traz atrás de si uma missão, que era, à época, de tratar da formação integral da pessoa, conferindo à pessoa um olhar, uma visão a partir da visão de Jesus", acrescentou.
Questionado sobre o impacto dos casos dos abusos sexuais de menores na Igreja Católica, o líder da APEC assegurou que não foi sentido.
"Acho que foi muito importante termos feito conversa amiúde com os miúdos, conversa amiúde com as famílias. (...) Eu acho que as pessoas conseguiram isolar o que são casos individuais, que conseguem sinalizar, de uma realidade que fosse coletiva, comunitária, disseminada", afirmou Fernando Magalhães, não escondendo, no entanto, que "há uma mancha" e que o maior impacto "do conhecimento dos abusos em Portugal foi a dor" perante uma realidade "medonha, inimaginável, inconcebível a todos os títulos".
E a compreensão dessa realidade só pode ser feita "na medida em que possa haver alguma compreensão da circunstância de sermos seres de falha e que a esse nível falhámos redondamente, na sociedade, nas mais diferentes estruturas onde esse crime, essa vergonha, aconteceu, também na Igreja, com acrescida responsabilidade", acrescentou.
O programa das comemorações dos 25 anos da APEC prolongam-se até 2024, estando prevista a VI Peregrinação das Escolas Católicas a Fátima, no dia 06 de outubro, e o II Congresso Nacional da Escola Católica, nos dias 09, 10 e 11 de maio do próximo ano.
A APEC conta com 127 estabelecimentos de ensino, com aproximadamente 70 mil alunos, 5.500 professores e 3.500 não docentes.
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