Em comunicado, os músicos e lojistas afirmam que a sua missão é "continuar a manter aberto" o Stop, espaço onde há mais de 20 anos diversas frações são usadas como salas de ensaio ou estúdios.
"A missão dos músicos e lojistas do Stop é continuar a manter este espaço -- emblemático e orgânico -- aberto a todas as pessoas que dele queiram usufruir, criando bases sustentáveis para manutenção de um ambiente propício ao desenvolvimento das atividades culturais, sem negar uma intervenção no espaço que garanta as condições de segurança mínimas no edifício", referem.
Na terça-feira, mais de uma centena de lojas do Centro Comercial Stop foram seladas pela Polícia Municipal "por falta de licenças de utilização para funcionamento", justificou a Câmara Municipal do Porto.
Para reivindicar "a abertura imediata" dos 105 espaços encerrados, os músicos convocaram uma manifestação para segunda-feira, dia de reunião do executivo municipal.
Os músicos vão concentrar-se pelas 15:00 em frente à Câmara Municipal do Porto, partindo, pelas 19:30, numa marcha até ao centro comercial Stop.
"Lutamos para que a cultura se mantenha viva na cidade do Porto", acrescentam.
Como alternativa ao centro comercial, a Câmara do Porto apresentou duas soluções: a escola Pires de Lima e os últimos andares do Silo Auto.
Para os músicos, ambos os espaços "carecem de condições para albergar toda a comunidade do Stop", não as considerando como uma solução para o seu realojamento.
"Lojistas e músicos ficaram privados do seu local de trabalho, tornando-se imperativo o regresso ao Stop no imediato, enquanto se estudam outras soluções de possível transição para outro local, sendo importante recordar que as mesmas devem considerar o alojamento de todos sem exceção", consideram.
Os músicos defendem ainda que requalificar o Stop "é não só a melhor opção, como também a vontade de todos", acrescentando que alguns dos argumentos usados pela autarquia para o encerramento das lojas, como as condições de segurança, ruído e licenciamento das lojas, "são facilmente refutáveis".
"O espaço tem vigilância durante 24 horas por dia. No que toca ao alegado ruído, os próprios músicos cujas lojas se encontram na fachada do edifício tomaram ação no sentido de insonorizar as salas, respeitando rigorosamente os horários permitidos pela lei do ruído. No que às condições de segurança concerne, foram submetidos, no decorrer dos anos, vários pedidos à CMP [Câmara Municipal do Porto], com vista à requalificação do espaço - a qual nunca chegou a ser concretizada", acrescentam.
Na quinta-feira, as duas associações que representam os músicos reuniram-se com o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, para discutir soluções e esclarecer dúvidas. Os representantes voltam hoje a encontrar-se com Rui Moreira e com o vereador da Economia.
Também em comunicado, a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) disse hoje estar solidária com as reivindicações dos artistas do Stop e estar certa de que o município do Porto, "cujo presidente sempre se mostrou sensível às questões culturais, saberá encontrar a resposta justa e adequada".
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