"Atrasos" no realojamento preocupam no Crato. Autarca desdramatiza
Os "atrasos" na operação de realojamento motivada pela construção da Barragem do Pisão, no Crato (distrito de Portalegre), estão a preocupar os moradores e proprietários daquela aldeia, mas o presidente do município desdramatiza a situação.
© Lusa
País Barragem
Numa nota enviada à agência Lusa, a Comissão Pro - Associação dos residentes e proprietários do Pisão, aldeia que deverá ficar submersa na sequência da construção do Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos (também conhecido por Barragem do Pisão), lamentam também a "falta de comunicação" das entidades competentes sobre o futuro do projeto.
De acordo com a associação, o cronograma apresentado no Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução (RECAPE) inclui diversos pontos relacionados com o realojamento, que conta já com um "atraso de cerca de seis meses".
"Desde janeiro tem havido reuniões mensais com a Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA), no entanto, muito pouco se avançou em aspetos concretos do realojamento", lê-se no documento.
A CIMAA é a entidade responsável pela execução do projeto, que envolve - segundo o Governo - um investimento total de 171 milhões de euros, dos quais 120 milhões estão inscritos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
O projeto deverá ficar concluído em julho de 2026 e, de acordo com o executivo, vai permitir "regar cerca de 5.500 hectares", garantindo ainda o abastecimento de água às populações (cerca de 55 mil pessoas) dos concelhos de Alter do Chão, Avis, Crato, Fronteira, Gavião, Nisa, Ponte de Sor e Sousel.
Segundo a CIMAA, a futura estrutura vai surgir numa área de 10 mil hectares, ficando submersa a aldeia, que atualmente conta com cerca de 70 moradores e 110 casas.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara do Crato, Joaquim Diogo, afirmou que têm sido realizadas reuniões com os residentes e que se está a "preparar um concurso público" para assessorar a CIMAA relativamente aos processos de indemnizações, expropriações e construção da nova aldeia.
"A calendarização dos trabalhos está dentro do ritmo que era esperado. Houve uma reprogramação feita há pouco tempo e submetida ao PRR e eu penso que, até ao fim do ano, nós vamos conseguir recuperar todos esses prazos", disse.
Os prazos referidos no RECAPE, acrescentou, são "indicativos", mas têm de produzir um resultado "até determinadas metas".
"Nós vamos ter mais seis meses de execução (reprogramação do PRR) e também um reforço de verbas",disse.
O autarca sublinhou que as entidades responsáveis não irão deixar de "cumprir tudo com o maior rigor" possível e deixou à comunidade "uma palavra de absoluta tranquilidade".
A Pró - Associação de residentes e proprietários do Pisão, constituída em agosto de 2022, refere na nota que "começa a avolumar-se a dúvida" sobre se haverá capacidade de pensar uma nova aldeia que seja "ao gosto" da sua população, face a alguns atrasos que constam no cronograma traçado no RECAPE.
"Tem que ser um projeto que envolva as pessoas, que as oiça. Evitem impor soluções que alguém entenda que é o melhor para esta gente. Para isso é necessário tempo", defende.
Para a associação, o realojamento é um "processo complexo", um "assunto de pessoas" e não apenas de fazer "algumas casas" num lugar próximo daquele que vai ficar submerso.
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