"Não faço [comentários]. o Conselho de Estado é um órgão de consulta do senhor Presidente da República e os diversos conselheiros do Estado pronunciam-se em reuniões que são à porta fechada. Cada um expressa a sua opinião e, com base nessas opiniões, o senhor Presidente da República reflete", disse António Costa.
A declaração do primeiro-ministro foi feita hoje na Nova Zelândia quando, antes do jogo em que a seleção nacional de futebol feminina com a seleção dos Países Baixos, António Costa foi questionado sobre as críticas que terão sido feitas na reunião do Conselho de Estado.
O Conselho de Estado "é um órgão de consulta do senhor Presidente da República e é a ele e apenas a ele que cabe avaliar, e sendo reuniões à porta fechada não comento o que foi dito no Conselho de Estado", disse António Costa, perante a insistência dos jornalistas.
A reunião do Conselho de Estado que teve lugar na passada sexta-feira, foi dedicada à análise da situação económica, social e política do país, tendo terminado sem a divulgação de conclusões.
Alguns meios de comunicação social noticiaram, entretanto, que alguns conselheiros teceram duras críticas ao Governo.
No sábado, o líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, considerou que a interrupção da reunião era um exemplo do impacto do Governo socialista no país, em que "fica tudo a meio caminho".
"Eu creio que o Conselho de Estado, por aquilo que foi comunicado, foi interrompido. Aparentemente, o primeiro-ministro tinha de se deslocar e, portanto, acabou por não poder concluir. E eu creio que é mesmo esse o exemplo do impacto que António Costa e o Governo socialista têm no país: fica tudo sempre a meio caminho, fica tudo interrompido", disse Rui Rocha.
Nesta reunião do órgão político de consulta presidencial participaram todos os conselheiros de Estado menos o histórico socialista Manuel Alegre. António Damásio, que reside nos Estados Unidos da América, juntou-se à reunião por videoconferência.
Marcelo Rebelo de Sousa anunciou em finais de maio que iria reunir o Conselho de Estado em julho para "um ponto da situação" do país, para ouvir os conselheiros "sobre a evolução económica, a evolução social, e também a análise que fazem das instituições, do seu funcionamento".
Na altura, assinalou que há conselheiros que "intervêm muito" publicamente, enquanto outros "intervêm pouco", e que a vantagem de os reunir formalmente é que "todos se ouvem a todos e há uma interação que é muito mais rica".
Este anúncio aconteceu depois de o chefe de Estado ter manifestado publicamente uma "divergência de fundo" em relação à manutenção de João Galamba como ministro, na sequência dos incidentes de 26 de abril no Ministério das Infraestruturas.
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