Igreja? Parque Eduardo VII também tem gente menos jovem que pede mudança
A Jornada Mundial, que hoje começou em Lisboa, é da juventude, mas entre os milhares que aguardam a missa no Parque Eduardo VII há gente menos jovem, que acredita no poder do evento para mudar mentalidades e "abrir" a Igreja.
© CARLOS COSTA / AFP) (Photo by CARLOS COSTA/AFP via Getty Images
País Parque Eduardo VII
Numa zona de sombra no Parque Eduardo VII, esta semana 'batizada' como Colina do Encontro, o casal Gaspar Moura e Maria dos Prazeres Rebelo aguarda pacientemente o início da missa, celebrada pelo cardeal-patriarca Manuel Clemente, e revela acreditar que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) pode ser "a chama que falta para aumentar a fé dos jovens".
"É preciso conduzir esta juventude. São os jovens que podem ajudar a 'limpar' a imagem da Igreja e esta coesão dá esperança", afirmou Gaspar Moura, de 65 anos, à agência Lusa, considerando que muito que a Igreja vive ainda hoje "se deve à força que o clero tinha no tempo do Estado Novo".
Ao lado, a mulher confidencia que há muito que sonhava ir a uma JMJ, e lembra que em 1982 esteve em Braga a ouvir o Papa João Paulo II. Ao sonho concretizado, junta-se a alegria de ter os dois filhos inseridos num grupo de peregrinos.
"Finalmente, conseguimos vir e vamos estar também na via-sacra e na vigília", na qual o filho Pedro vai estar inserido na orquestra a tocar clarinete.
O casal, que vive em Vila Real e que esta semana está alojado em casa do filho, em Carnaxide, não está inscrito na JMJ, mas isso não os impede de terem intenção de pernoitar de sábado para domingo no Parque Tejo, onde o Papa Francisco encerra o evento.
Sozinha, a brasileira Alessandra, de 48 anos, sobe lentamente o Parque Eduardo VII, "inundado" por jovens e por música. Decidiu ver e assistir à missa, e garantiu acreditar que "tantos jovens podem mudar a imagem de uma Igreja, que precisa deles".
"Acredito que pode ser bom para a Igreja e pode ajudar a mudar as mentalidades mais antigas", assumiu, enquanto usa uma echarpe para improvisar um chapéu que lhe proteja a cabeça do sol.
Menos corajosos, ou não, foram as amigas Isabel, de 75 anos, e Adelaide, de 82, que depois de já estarem a meio do Parque Eduardo VII decidiram voltar para trás e rumar a casa para assistirem à missa pela televisão, vencidas pelo calor e pelo barulho.
"Estou banzada, nunca achei que isto pudesse juntar tanta gente, isto é maravilhoso. Tenho pena de não ficar para a missa com o senhor cardeal, mas não aguento o barulho", assumiu Isabel, enquanto ironicamente se ouvia, em alto e bom som, uma canção cujo refrão pede aos jovens que saiam do sofá, uma expressão usada pelo Papa Francisco na JMJ de Cracóvia, em 2016.
Mais de um milhão de pessoas são esperadas em Lisboa entre hoje e domingo para a JMJ, considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, e que contará com a presença do Papa Francisco.
O Papa, o primeiro peregrino a inscrever-se na JMJ, chega a Lisboa na manhã de quarta-feira, tendo prevista uma visita de duas horas ao Santuário de Fátima no sábado para rezar pela paz e pelo fim da guerra na Ucrânia.
As principais iniciativas da jornada decorrem no Parque Eduardo VII, na zona de Belém e no Parque Tejo, um recinto com cerca de 100 hectares a norte do Parque das Nações e em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.
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