Papa cita Camões, Pessoa, Saramago, Sophia e Amália no primeiro discurso
O Papa citou hoje Camões, Pessoa, Saramago, Daniel Faria, Sophia e a fadista Amália no seu primeiro discurso no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Lisboa, cidade que por estes dias se torna "a capital do mundo".
© MIGUEL RIOPA/AFP via Getty Images
País JMJLisboa2023
"Estou feliz por estar em Lisboa, cidade do encontro que abraça vários povos e culturas e que, nestes dias, se mostra ainda mais universal. Torna-se, de certo modo, a capital do mundo", afirmou Francisco, num encontro com autoridades, sociedade civil e corpo diplomático, no Centro Cultural de Belém.
Segundo Francisco, que falou em italiano, a capital portuguesa tem um "caráter multiétnico e multicultural", exemplificando com o bairro lisboeta da Mouraria, "onde convivem pessoas provenientes de mais de 60 países" e revela os traços cosmopolitas de Portugal, que afunda as suas raízes no desejo de se abrir ao mundo e explorá-lo, navegando rumo a novos e amplos horizontes".
Depois, referindo-se ao Cabo da Roca, onde está gravada uma frase de Luís de Camões d'"Os Lusíadas" - "aqui... onde a terra se acaba e o mar começa" - , sublinhou que "durante séculos se acreditou que lá estivessem os confins do mundo".
"E, em certo sentido é verdade, porque este país confina com o oceano, que delimita os continentes", adiantou, num discurso onde o oceano esteve sempre presente.
E, do oceano, Lisboa, conserva o abraço e o perfume", prosseguiu, fazendo seu, "com muito gosto, aquilo que os portugueses costumam cantar: 'Lisboa tem cheiro de flores e de mar'", de Amália Rodrigues, da canção "Cheira bem, cheira a Lisboa".
As citações de escritores portugueses prosseguiu com Sophia de Mello Breyner Andresen e "mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim", quando considerou que "muito mais do que um elemento paisagístico, o mar é um apelo que não cessa de ecoar no ânimo de cada português".
E depois citou o poeta Daniel Faria "Deus do mar dá-nos mais ondas, Deus da terra dai-nos mais mar".
"À vista do oceano, os portugueses são levados a refletir sobre os imensos espaços da alma e sobre o sentido da vida no mundo", referiu
No discurso, o primeiro por ocasião da JMJ, referiu-se ainda "às palavras ousadas" de Fernando Pessoa: "navegar é preciso, viver não é preciso (...), o que é necessário é criar".
Por fim, há ainda referência a José Saramago, "O que dá verdadeiro sentido ao encontro é a busca; e é preciso andar muito, para se alcançar o que está perto".
O Papa, o primeiro peregrino a inscrever-se na JMJ, chegou a Lisboa hoje de manhã, tendo prevista uma visita de duas horas ao Santuário de Fátima no sábado para rezar pela paz e pelo fim da guerra na Ucrânia.
Mais de um milhão de pessoas são esperadas em Lisboa até domingo para a JMJ, considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, e que contará com a presença do Papa Francisco.
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