JMJ. Não se sentem preparados para horas ao sol, mas esperam que compense
Depois da longa caminhada e com várias horas ao sol pela frente, os jovens já no Parque Tejo não se sentem preparados para a espera até à vigília com o Papa, mas acreditam que valerá a pena.
© CARLOS M. ALMEIDA
País JMJ
"Quer a resposta sincera? Não", disse de forma muito direta Virgínia. A jovem italiana viajou de Pisa, Itália, para Lisboa na semana passada para participar na Jornada Mundial na Juventude, que decorre até domingo. Hoje está a ser o dia mais difícil, admitiu à Lusa.
Sentados sob uma espécie de alpendre improvisado, que garante sombra para o grupo de cerca de 10 jovens, o cansaço era visível em todos, e compreensível depois de Virgínia e Anastácia contarem a "aventura" até conseguir chegar ao Parque Tejo, onde, a partir das 20:45 vai acontecer a vigília com o Papa Francisco.
"Pensávamos que tínhamos um autocarro até aqui, mas não passou. Viemos a pé, foi mais ou menos uma hora", explicava Anastácia, enquanto outra amiga acrescentava que tinham sido, na verdade, quase duas horas.
"Também tivemos problemas com a comida, porque não encontrámos nenhum ponto de distribuição de 'kits' pelo caminho. Tivemos de comprar uns cachorros aqui no recinto, que nos custaram oito euros, e é isso que vamos andar a comer até amanhã de manhã", contou Anastácia.
Apesar da satisfação por participarem na Jornada, o espírito dos jovens hoje contrastava com o dos dias anteriores, quando o Parque Eduardo VII se encheu de milhares de jovens animados, que cantavam e dançavam durante horas enquanto aguardavam pelos eventos principais.
Hoje, no rebatizado Campo da Graça, o mar de gente que pelas 16:00 já ocupava o local perdia-se no horizonte, mas a música vinha apenas do palco e a esmagadora maioria dos jovens esperava deitada, alguns à sombra, garantida por estruturas improvisadas pelos peregrinos ou chapéus-de-chuva, outros ao sol, numa altura em que o calor tórrido se fazia sentir.
Num grupo de várias dezenas de jovens, por exemplo, a experiência que tinham enquanto escuteiros tinha ajudado a que conseguissem montar uma estrutura que permitia que todos estivessem à sombra.
Karla e Célia estavam a regressar para os seus sacos-cama quando pararam para conversar com a Lusa. Vinham encharcadas porque, como tantos à sua volta, tinham ido aos pontos de água encher as garrafas e aproveitaram para se refrescar, despejando água uma na outra.
"É das poucas maneiras com que temos conseguido lidar com o calor", contou uma das jovens espanholas, a estudar em Lisboa no Externato Marista. "E aqui no recinto não está tão mau, porque há muitos postos de água, mas até entrarmos não", explicou Karla.
À semelhança de Virgínia e Anastácia, admitem que também não se sentem preparadas para as longas horas de espera que têm ainda pela frente.
"Mas sabemos que a experiência vai valer a pena", sublinhou Célia.
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