"Povo ucraniano tem o direito de recuperar a sua integridade territorial"

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reiterou que Portugal e Polónia estão "unidos" e que "a posição polaca em relação à invasão da Ucrânia pela Federação russa é exatamente idêntica" à posição portuguesa.

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Daniela Carrilho
22/08/2023 12:22 ‧ 22/08/2023 por Daniela Carrilho

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De visita à Polónia, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta terça-feira que "é um prazer" estar no país e com o povo polaco, considerando que "tem estreitado relações de fraternidade com o povo português".

"Em Portugal, com o número crescente de polacos, estudantes e não estudantes. Aqui na Polónia, com uma comunidade viva como eu ontem pude comprovar - jovem nas universidades e jovem na atividade cultural, económica e social", começou por dizer o Chefe de Estado português numa conferência conjunta com o seu homólogo polaco, Andrzej Duda.

"Este é um período excelente nas relações bilaterais entre os nossos estados e os nossos povos", admite Marcelo, garantindo que esta visita tem um mote "especial".

"Os próximos meses têm várias importantes reuniões internacionais. Saio praticamente desta visita e da possibilidade de aprofundar o conhecimento desta região, diretamente para a Cimeira dos Países de Língua Oficial Portuguesa, em África, ocasião única para ter estados que estão em todos os continentes e com observadores, incluindo quase todas as potências de todo o mundo", referiu Marcelo, enumerando outros encontros já agendados, referindo que "tinha de começar" na Polónia este "conjunto de compromissos internacionais".

"Portugal e Polónia, Polónia e Portugal, somos membros da União Europeia (UE) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO). [Isto] significa que estamos unidos em tudo o que é fundamental num momento em que sentimos que há um afrontamento aos valores da NATO e da UE, da paz, da efetiva liberdade, da democracia, do futuro, da solidariedade social, de países com regimes políticos, económicos e sociais e de uma visão do mundo que é diferente da nossa", destacou ainda o Presidente da República.

Por isso, adianta ainda, "o que se passa na Polónia, nas fronteiras mais a leste da UE e da NATO, é para nós tão importante como aquilo que se passa nas fronteiras mais a oeste, a norte ou a sul".

"Estamos unidos, solidários e sem hesitações", salienta, afirmando que "tomou devida nota" das preocupações polacas "quanto àquilo que possa ser entendido como necessidade de estar atento a movimentações que questionem as fronteiras a leste da UE e da NATO".

Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou ainda a sua intervenção para "deixar uma palavra à Polónia pelo papel que tem tido no quadro da situação vivida na Ucrânia", relatando que, enquanto passeava nas ruas de Varsóvia, encontrou ucranianos de várias faixas etárias, que estão "gratos à Polónia pelo seu papel humanitário".

Sobre a comunidade ucraniana em Portugal, Marcelo realçou que é "uma comunidade muito querida no nosso país". "Sabemos como é sempre difícil a situação daqueles que gostariam de estar na sua pátria, ilegalmente, afrontosamente invadida por outros, neste caso pela Federação russa, e não podem viver lá", enfatizando que "têm quem os acolha fora do seu território".

"A posição polaca em relação à invasão da Ucrânia pela Federação russa pelo ponto de vista político, diplomático, militar, humanitário e financeiro foi sempre constante e, sabe a Ucrânia e os nossos outros aliados, que a posição portuguesa é exatamente idêntica. É e será, porque não podemos admitir a violação de princípios fundamentais da comunidade internacional e da carta das Nações Unidas", destacou.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que "o povo ucraniano tem o direito de recuperar a sua integridade territorial" que é fundamental "para o exercício da sua soberania", garantindo que está atento às "formas diretas e indiretas de fazer guerra". "Faz-se guerra hoje de muitas formas", salientou.

"O desafio que se coloca neste conflito, que não é meramente europeu, é global, é difícil, mas essencial. Ignorá-lo ou não estar disponível para enfrentá-lo na medida das capacidades de cada qual seria um erro histórico. E nenhum dos nossos dois povos cometeu esse erro", evidenciou, destacando que "em Portugal há uma unidade praticamente total em torno desta questão".

"É provavelmente o país da Europa, seguido pela Polónia, onde a opinião pública é mais clara quanto à posição a adotar pelo Estado português quanto à situação ucraniana. Tem suscitado uma convergência nacional sensível aos princípios que estão em causa. É um período muito difícil este a nível internacional, sobretudo depois de uma pandemia, mas também é um tempo de encontro, como aconteceu na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), onde esteve presente a primeira-dama da Polónia", enfatizou Marcelo.

Sobre o encontro de jovens peregrinos, que aconteceu em Lisboa no início de agosto, Marcelo afirmou que o evento "foi muito para além da manifestação religiosa" e que se tratou de "um encontro de jovens, um encontro de futuro".

De recordar que o Presidente da República iniciou na segunda-feira uma visita oficial de dois dias à Polónia, que inclui encontros com altas individualidades do país, entre as quais com o seu homólogo, Andrzej Duda, e com a comunidade portuguesa.

O programa começou com um encontro com estudantes na Universidade de Varsóvia, ao qual se seguiu uma visita guiada à exposição 'Centenário das Relações Diplomáticas Portugal-Polónia', na capital polaca. Um encontro com a comunidade portuguesa na Polónia, na Biblioteca Nacional de Varsóvia, e a inauguração da sala de leitura de língua portuguesa completaram o primeiro dia da visita de Marcelo.

Para hoje está previsto um almoço entre Marcelo e Duda, mas também com os líderes da câmara baixa do parlamento polaco, Elzbieta Witek, e do Senado, Tomasz Grodzki.

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