Dia 1 de Marcelo na Ucrânia. Da trincheira à cimeira, ali "tudo funciona"
Presidente da República viveu fortes emoções, reiterou o apoio de Portugal e fez história ao entrar numa trincheira. O primeiro dia de Marcelo Rebelo de Sousa na Ucrânia ficou ainda marcado pela participação na cimeira 'Plataforma da Crimeia' - onde se passou um momento insólito. Recorde e veja as imagens.
© Miguel Figueiredo Lopes / Presidência da República
País Marcelo na Ucrânia
Bucha, Moshchun, Horenka, Irpin e Kyiv. Foi este o 'roteiro' do primeiro dia (de dois) da viagem de Marcelo Rebelo de Sousa à Ucrânia - marcado pela entrada do Presidente da República numa trincheira e pelo primeiro encontro com Volodymyr Zelensky, na cimeira 'Plataforma da Crimeia'.
Após a visita oficial que realizou à Polónia, o chefe de Estado português dirigiu-se à Ucrânia (depois um pedido feito e aceite pela Assembleia da República - com objeção do PCP) com o "objetivo de reiterar a solidariedade de Portugal para com o povo ucraniano na sequência da invasão russa, e reiterar a continuidade do apoio dos Portugueses e de Portugal", assumiu numa mensagem ontem publicada na página oficial da Presidência da República.
O Presidente da República chegou à capital da Ucrânia pelas 7h30 locais (5h30 em Portugal continental), para uma visita que coincide com a comemoração do 32.º aniversário da independência do país.
Marcelo Rebelo de Sousa desembarcou na estação ferroviária de Kyiv-Pasazhyrskyi, em Kyiv, acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, pelo chefe da Casa Civil da Presidência, Fernando Frutuoso de Melo, pelos embaixadores Maria Amélia Paiva e Jorge Silva Lopes, o antigo dirigente do PS João Soares, o historiador José Pacheco Pereira e o empresário Luís Delgado.
Logo num momento inicial, Marcelo disse estar em Kyiv para dar continuidade à presença e solidariedade portuguesas para com a Ucrânia. "O objetivo é múltiplo. Em primeiro lugar, é dar continuidade à presença portuguesa. Esteve aqui o primeiro-ministro, o presidente da Assembleia da República, várias vezes o ministro dos Negócios Estrangeiros, agora veio o Presidente da República. É Portugal presente a mostrar a sua solidariedade em todos os domínios", sustentou.
O chefe de Estado acrescentou que "tudo o que seja fundamental - e tudo é fundamental neste momento - na vida da Ucrânia, é fundamental na vida de Portugal".
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Em Bucha, Marcelo afirmou: "Justiça tardia não é justiça"
A visita começou na cidade de Bucha, "local de um dos massacres provocados pela ocupação russa, onde foram encontrados numerosos civis em valas comuns", recorda a mesma mensagem da Presidência. Aqui, alertou que "uma justiça tardia não é justiça" e prometeu o apoio de Portugal nas investigações.
Na opinião do Presidente da República, o que aconteceu em Bucha "foi muito forte, muito chocante, muito desumano", adiantando: "aquele choque inicial passado este tempo todo não perdeu força".
Isto nunca tinha acontecido! É o primeiro que faz isto
O primeiro Presidente a entrar na trincheira em Moshchun
Em seguida, Marcelo Rebelo de Sousa deslocou-se a Moshchun, onde, recorda a missiva colocada no site da Presidência, "depositou uma coroa de flores em homenagem às vítimas da guerra". Mas o 'ponto alto' foi a entrada na trincheira desta aldeia, sendo o primeiro Presidente a fazê-lo.
A admiração foi vertida nas palavras de Lesya Arkadievna, a vice-governadora para a região de Kyiv, ao ver Marcelo entrar no local: "Isto nunca tinha acontecido! É o primeiro que faz isto".
Marcelo Rebelo de Sousa não foi o primeiro líder a visitar o local, mas foi o primeiro a estar onde a população e militares estiveram a combater os ocupantes. "Já vim cá com vários presidentes e ministros e nenhum fez isto", reiterou Lesya Arkadievna, com a agência Lusa a salientar ainda que populares e elementos da administração regional observaram com alguma surpresa o momento.
Já Marcelo Rebelo de Sousa fez uma analogia: "Faz lembrar as trincheiras da primeira Grande Guerra", comentou assim que saiu da trincheira, ainda com terra no blazer.
Depois, o Presidente da República continuou para Horenka, onde "visitou o mural de Banksy, onde o autor recriou, nas paredes dos edifícios atingidos, um símbolo da resistência ucraniana". Seguiu-se a ida a Irpin, onde Marcelo esteve na Ponte Romanivskyi.
Já na capital da Ucrânia, Kyiv, o chefe de Estado português depositou uma coroa de flores junto do muro dos defensores caídos pela Ucrânia e visitou uma exposição.
"Está a funcionar, está. Tudo funciona na Ucrânia"
O dia terminou com a participação na III cimeira da 'Plataforma da Crimeia', o primeiro momento em que Marcelo Rebelo de Sousa se encontrou com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Neste momento, o Presidente da República defendeu que qualquer discussão sobre o futuro da Ucrânia que exclua a questão da península da Crimeia é "um ruído" disfarçado de apoio à população do país invadido. "Não é possível separar a questão da Crimeia da invasão total do território da Ucrânia. Qualquer tentativa, subjetiva ou objetiva, de separar as duas questões representa não uma ajuda, não um apoio à população ucraniana, mas um ruído que é desnecessário", considerou.
Contudo, a cimeira ficou 'marcada' por um momento insólito entre os homólogos português e ucraniano. Aconteceu quando Marcelo teve de ser auxiliado por Zelensky e quando o presidente da Ucrânia se apercebeu que o chefe de Estado português estava a ter problemas com o aparelho de tradução: "Desculpem, tenho de ajudar o nosso amigo", interrompeu Zelensky. "É só um segundo".
Marcelo terá afirmado que o dispositivo não estava a funcionar, ao que o presidente ucraniano respondeu: "Está a funcionar, está. Tudo funciona na Ucrânia". O problema, que suscitou risos entre os presentes, ficou rapidamente resolvido. Pode ver o momento aqui.
A visita à Ucrânia termina esta quinta-feira, com um encontro entre Marcelo e Zelensky e a participação do Presidente da República Portuguesa nas comemorações do Dia da Independência da Ucrânia.
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