Face à falta de docentes colocados nas escolas portuguesas, o ministro da Educação, João Costa, argumentou, este sábado, que "haverá dificuldade de colocação de professores como há todos os anos", ao mesmo tempo que deu conta de uma tendência positiva na adesão aos cursos superiores da área, o que, na sua ótica, indica que "os jovens estão novamente a olhar para a profissão de futuro".
Assegurando que "sempre que há um horário por atribuir, o Governo está preocupado, toda a gente está preocupada", o governante ressalvou que "haverá dificuldade de colocação de professores como há todos os anos", mas a tendência aparenta ser positiva.
"Aquilo que vimos no ano passado é que, ao longo do ano, conseguimos em praticamente 100% dos casos ter uma taxa de substituição e colocação em três semanas", disse, em declarações à imprensa, este sábado.
E complementou: "Os grupos de recrutamento que têm revelado maior dificuldade sobretudo na região de Lisboa são, na verdade, os grupos de informática, também a geografia e, com menor expressão, a matemática e as áreas das ciências, porque há mais oferta de trabalho. 400 faltas é um número elevado, mas um horário é um número levado, digamos assim."
Ainda assim, o responsável destacou que a falta de docentes "é uma questão não só de Portugal", mas, neste momento, global, pelo que o Executivo pretende "acelerar a formação de professores".
"Estamos a fazer esse trabalho com as universidades. Os sinais são positivos. Houve, este ano, novamente uma subida dos candidatos aos cursos de educação. Temos, em dois anos, um aumento de 45% dos alunos inscritos nos cursos de educação básica. Temos uma grande procura e uma grande pressão sobre algumas instituições nos mestrados em ensino, portanto, significa que os jovens estão novamente a olhar para a profissão de futuro", considerou.
Quanto às greves que têm marcado o corrente ano letivo, João Costa salientou que, no último ano, o Governo "abriu processos negociais" por iniciativa própria, processos esses que "nunca" suspendeu ou interrompeu. Atirou, assim, que "aquilo que todos desejamos é que haja o bom senso de perceber que os alunos não podem ser mais prejudicados".
"Se estivéssemos a falar de um Governo que ignora pedidos de reuniões, que ignora a negociação, estávamos num cenário. Mas temos de pensar no seguinte: são uma geração de alunos que teve dois anos de pandemia, que já teve um ano com perturbações, e ninguém tem o direito, seja qual foi a nossa preocupação, de prejudicar mais estes alunos", atirou.
O responsável foi mais longe, tendo apontando que "ou queremos soluções, ou o objetivo é apenas a luta". "Se o objetivo for apenas a luta, ninguém está interessado em soluções. Não há qualquer recusa negocial por parte do Governo. Ninguém defende um serviço público mantendo-o paralisado", rematou.
De notar que, segundo uma análise feita pelo diretor escolar Arlindo Ferreira, as escolas ainda procuram professores para cerca de 400 horários que continuam vazios, sendo os docentes de informática, português e matemática os mais procurados.
"Foram colocados 1.769 professores contratados em horários completos e incompletos e outros 1.006 docentes dos quadros", disse o especialista à Lusa.
Por seu turno, o ministro da Educação anunciou, na semana passada, que estavam preenchidos 95% dos pedidos feitos pelas escolas, que correspondiam à colocação de quase 13 mil docentes.
Entretanto, a Federação Nacional dos Professores alertou para o aumento de alunos sem professores atribuídos, uma situação que a entidade estimou que se agrave com a saída prevista de mais mil professores para a reforma até ao final do ano.
"A falta de professores este ano vai ser um problema mais grave do que nos anos anteriores", alertou o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, defendendo que este ano letivo "vão aumentar os professores não profissionalizados e o número de alunos sem os professores todos".
[Notícia atualizada às 11h00]
Leia Também: Fenprof quer "abrir porta" que Marcelo deixou entreaberta para negociar