Os resultados das eleições regionais na Madeira "são o primeiro reflexo do PS em eleições", defendeu André Freire, apesar de reconhecer a existência de "fatores regionais", como a existência de um "candidato menos conhecido" do lado do PS.
A hipótese em 2019 de o PS ser alternativa "parece que se esfumou agora", porque "não está a cumprir os seus compromissos" perante o país.
Para o politólogo, a "desvalorização salarial é a marca da governação socialista" no país, refletindo-se nestes resultados eleitorais, em que "o PS é o maior perdedor", sendo a diminuição de votos do PS "a mudança mais notada face às eleições de 2019".
"Houve um notável resultado da coligação de direita porque, ao fim de 50 anos, o partido da direita continua a ser o vencedor, ainda que com parceiros na governação", disse o especialista do ISCTE, para quem os resultados derivam da "falta de alternância" há 50 anos.
Ainda assim, acredita numa "solução parlamentar" depois de o cabeça de lista da coligação PSD/CDS-PP, Miguel Albuquerque, se ter comprometido a apresentar uma solução de governo de maioria parlamentar e de PAN e Iniciativa Liberal terem aberto a porta ao diálogo.
Já o politólogo Adelino Maltez, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, considerou que "as leituras nacionais não contam" porque "a democracia regional tem uma história própria", com um sistema parlamentar proporcional.
"Quando o PS lança um líder novo, é difícil combater a propaganda instalada de quem está no poder", acrescentou, ficando o PS na "experimentação de líderes" ou "tentativas de criar alternativa".
Para o politólogo, os resultados são "o normal em democracia", com "a vontade do povo a querer um parlamento mais alargado e não uma maioria absoluta à direita".
"A democracia fica enriquecida com a pluralidade", frisou.
A situação, para o especialista, é ultrapassável, uma vez que "é possível fazer-se um acordo" com outras candidaturas.
A coligação formada por PSD e CDS-PP venceu no domingo as eleições legislativas regionais da Madeira, com 43,13% dos votos, mas sem conseguir obter maioria absoluta, elegendo 23 dos 47 deputados.
De acordo com resultados oficiais provisórios da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, o PS elegeu 11 deputados, o JPP cinco e o Chega quatro, enquanto a CDU, o BE, o PAN e a IL elegeram um deputado cada.
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