Há 66 anos, no dia 27 de setembro de 1957, a ilha açoriana do Faial vivia o primeiro dia de mais de um ano de pesadelo.
Pelas 6h45, a Ponta do Capelo, no extremo oeste da ilha, o mar aparentemente calmo entrava em estado de fúria, depois de 12 dias de pequenos sismos, com a lava a atingir temperaturas de mais de mil graus.
Do oceano Atlântico surgiam nuvens cinzentas e explosões que jorravam jatos de cinza. O barulho que brotava do interior deste era tão forte que chegou a ser ouvido por habitantes das ilhas do grupo Ocidental dos Açores (Flores e Corvo), a mais de 150 milhas náuticas de distância.
Quando o fenómeno chegou a terra, os rios de lava incandescente subiram de forma violenta, deixando muitos danos.
Mas o pesadelo não terminou com o cair da noite. O vulcão dos Capelinhos, como foi chamado, só deixou de estar ativo 13 meses depois, a 24 de outubro de 1958.
Durante este tempo, o céu esteve sempre negro, como recorda a comunicação social local. Os terrenos de cultivo ficaram cobertos de cinzas vulcânicas e as casas nas imediações acabaram por ser soterradas ou ruírem com a força dos tremores de terra provocados pelo vulcão.
Vulcão deu ao Capelo uma nova paisagem
Os 174 milhões de metros cúbicos de material emitido levaram à criação de uma paisagem nova e com características muito específicas, onde o verde deu lugar ao negro e o cone vulcânico atingiu uma altura de cerca de 160 metros.
O Faial viu ainda o seu território ser aumentado em 2,4 quilómetros quadrados, depois de um pequeno ilhéu que emergiu durante a erupção se ter unido, com a acumulação da lava, aos Capelinhos formando um istmo.
Maior fluxo migratório dos Açores
Não se registaram mortes, mas o susto foi tal que muitos habitantes decidiram abandonar a ilha, dando origem a um dos maiores fluxos migratórios do arquipélago.
Como consequência de muitas pessoas terem ficado desalojadas, surgiu a Lei dos Refugiados dos Açores, em 1958, e o então presidente norte-americano John F. Kennedy autorizou a emigração das pessoas afetadas. De acordo com os meios locais, estima-se que, nesta altura, 17 dos 30 mil habitantes tenham abandonado o Faial rumo aos EUA.
Tal como recorda o site Azores Get Aways, o rasto de destruição deixado por esta erupção foi enorme, mas hoje é uma das paisagens mais emblemáticas dos Açores.
No local há agora, debaixo da terra para não interferir com a paisagem natural existente, o Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, onde pode ficar a par de toda a história desta erupção da vulcânica.
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