Cidadãos lançam petição contra alargamento da via rápida da Costa
Um grupo de cidadãos, com o apoio de especialistas na temática urbana, lançou uma petição contra o aumento do número de vias do IC20, conhecida por via rápida da Costa de Caparica, que conta já com quase 1.500 assinaturas.
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País Costa da Caparica
A estrada que liga Almada à Costa da Caparica, conhecida por via rápida, vai passar a ter quatro vias de trânsito em cada sentido, obra que começa em 02 de outubro e que deverá terminar em maio de 2025.
A informação foi avançada por um representante da empresa Auto-Estradas do Baixo Tejo durante a reunião da Câmara de Almada, no distrito de Setúbal, em 18 de setembro, explicando que a obra terá de ser realizada para dar cumprimento a uma obrigação do contrato que prevê que, quando atingisse determinado limite de fluxo diário de circulação, teria de ser feito um aumento no número de vias.
O IC20 regista anualmente um tráfego médio diário superior a 60 mil veículos.
A Auto-Estradas do Baixo Tejo é subconcessionária da Infraestruturas de Portugal (IP), responsável pela gestão de um conjunto de vias na margem sul do Tejo, entre as quais o IC20.
A petição, que começou a circular no dia 22 de setembro, Dia Europeu sem Carros, tem como subscritores o Centro de Arqueologia de Almada, o movimento Estrada Viva, a Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta, o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), a Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBi), Mulheres na Arquitectura, a QUERCUS e ainda a comunidade local Estuário Colectivo.
Os signatários referem que a população foi surpreendida com a informação de que a obra é um compromisso que resulta de um contrato caduco, que deveria já ter sido renegociado pelo Estado junto da concessionária Baixo Tejo, de modo a ir ao encontro daquilo que são os objetivos estabelecidos a nível ambiental.
Após análise ao contrato de concessão com a Baixo Tejo, o grupo defende que a IP deve dar instruções à subconcessionária de que não é necessário aumentar o número de vias.
"Sublinha-se que o investimento financeiro nesta obra por parte da subconcessionária é indiretamente dinheiro público", frisa o grupo, acrescentando que, se o Estado renegociar o contrato com a concessionária, "poderá recuperar o dinheiro" que irá desperdiçar "numa obra perfeitamente inútil e contra os objetivos ambientais do próprio governo".
Os peticionários contestam a obra por ser contra a estratégia climática nacional, não resolver a questão do congestionamento (criando o chamado "tráfico induzido" e 'bottleneck') e promover a dispersão urbana.
Em alternativa sugerem o aumento das faixas BUS, com a melhoria da frequência, qualidade e extensão de transportes públicos e a criação de mais e melhores infraestruturas para mobilidade suave, como novas passagens ciclopedonais elevadas que reduzam o impacto negativo de barreira geográfica deste tipo de vias e a adaptação dos viadutos existentes de modo a incluir vias pedonais e ciclovias seguras.
Diogo Salvador, do movimento Estuário Coletivo, disse à agência Lusa que esta obra não faz qualquer sentido e não vai resolver os problemas de trânsito na zona uma vez que este vai confluir num funil (na ponte 25 de abril) que liberta carros gota a gota.
"Esta solução já está mais do que obsoleta", disse, adiantando que a obra é "contrária ao bom senso" e um desperdício de dinheiro que gostariam de conseguir evitar.
Para Diogo Salvador, uma das alternativas mais óbvias seria uma aposta no metro de superfície, fazendo-o chegar à Costa de Caparica e ao Seixal.
Na reunião de câmara onde foi apresentada a obra, a presidente da autarquia, Inês de Medeiros (PS), advogou igualmente que a obra não iria resolver os problemas de mobilidade e defendeu a necessidade de uma nova travessia entre a margem norte e a margem sul.
"Quero deixar claro que esta obra não vai resolver em nada aquilo que é uma prioridade até para a criação de um metro entre a margem sul e a margem norte, além da Fertagus, e é nessa perspetiva que temos estado em conversações com o município de Oeiras e com o anterior executivo da Câmara Municipal de Lisboa e com o atual", disse.
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