Em declarações à Lusa, a coordenadora do grupo, Rute Agulhas, revelou que esta primeira ação com a Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC) "abrangeu perto de 250 pessoas", estando prevista nova ação para novembro. "Estas sessões estão a ser gravadas e vão ser disponibilizadas a todo o seu universo", explicou.
A psicóloga esclareceu que o primeiro passo é sensibilizar as pessoas destas instituições, enquanto o "segundo nível será de capacitação - com ações de maior duração, presenciais e, acima de tudo, para coordenadores de escolas" -, enquanto o terceiro patamar visa a replicação, para que os formandos possam vir a formar outras pessoas.
"É um modelo em cascata e é este o modelo que vamos também seguir com as comissões diocesanas e os institutos religiosos", observou, salientando ainda o caráter comum de módulos de prevenção primária -- assentes em "criação de mapas de risco e guias de boas práticas" -- junto destas entidades.
No entanto, Rute Agulhas ressalvou que há, igualmente, "diferenças significativas" nos planos concebidos para as comissões diocesanas e os institutos religiosos, que contemplam módulos distintos, após ter sido feito um levantamento das necessidades.
"Os institutos religiosos são mais abrangentes, com muito contacto com as crianças. Criámos diferentes módulos de formação e os institutos escolhem quais querem fazer", sublinhou, continuando: "As comissões diocesanas têm um foco diferente, em que um dos módulos é o acolhimento à vítima, que informação recolher, compreender as dinâmicas de vítimas e agressores, etc."
A coordenadora do Grupo VITA assume também que há "duas comissões diocesanas que ainda não se inscreveram", mas sem querer identificar quais, por ter a expectativa de que o façam até ao início da formação (em horário pós-laboral) esta terça-feira.
"As comissões diocesanas podem vir a ter este papel de desenvolvimento de estratégias de sensibilização. Também avaliámos as necessidades dos catequistas e professores de religião e moral, em que mais de 1.000 responderam aos questionários. Estamos a definir um plano de formação, mas esse, provavelmente, só será iniciado em janeiro", conclui.
O Grupo VITA pode ser contactado através da linha de atendimento telefónico (91 509 0000) ou do formulário para sinalizações, já disponível no 'site' www.grupovita.pt.
Criado em abril, no âmbito da Conferência Episcopal Portuguesa, assume-se como uma estrutura isenta, autónoma e independente e visa acolher, escutar, acompanhar e prevenir as situações de violência sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica.
O Grupo VITA surgiu na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que, ao longo de quase um ano, validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.
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