"Ele fez aquilo que dissemos deste a primeira hora, veio colaborar com a Justiça e, portanto, prestou as declarações, referiu os factos que ele vivenciou", disse o advogado Miguel dos Santos Pereira, vincando que o arguido respondeu a "tudo o que lhe foi perguntado", bem como "assumiu o que havia para assumir".
Na primeira audiência do julgamento, que decorre à porta fechada por determinação da juíza Carla Meneses, presidente do coletivo, foram também ouvidas duas testemunhas de acusação -- a avó e a mãe da vítima.
O julgamento prossegue no dia 16 de novembro, na secção criminal do Juízo Central do Funchal, com audição das restantes testemunhas de acusação e de algumas testemunhas de defesa.
De acordo com uma nota divulgada no 'site' do Ministério Público (MP) em janeiro deste ano, o antigo padre foi acusado, em março de 2022, de quatro crimes de abuso sexual de crianças e um crime de atos sexuais com adolescente, sempre com a mesma vítima, tendo sido realizadas diligências para o localizar, em França e Portugal, que "resultaram infrutíferas".
Entretanto, em fevereiro deste ano, o jornal 'online' Observador divulgou que o ex-sacerdote tentou entregar-se na Procuradoria-Geral da República, em Lisboa, mas acabou por não ser recebido pela Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, nem notificado formalmente da acusação do Ministério Público.
Anastácio Alves foi informado de que se deveria apresentar no Tribunal da Comarca da Madeira, a instância onde corre os termos do processo em que é acusado.
Em setembro de 2018, quando Anastácio Alves exercia funções em França, a Diocese do Funchal comunicou o seu afastamento da ação pastoral por suspeita de abuso sexual de um menor na região autónoma.
A primeira sessão do julgamento estava inicialmente agendada para 28 de setembro, mas foi adiada devido à greve dos funcionários judiciais.
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