Detido em Portugal líder de grupo criminoso procurado por Espanha
O detido, um cidadão estrangeiro com 50 anos, lidera um grupo criminoso que opera em Portugal, Espanha, França, Alemanha, Ucrânia e Moldávia.
© Global Imagens
País SEF
Um homem de 50 anos, procurado pelas autoridades espanholas, foi detido pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), em colaboração com a Polícia Judiciária (PJ), esta quinta-feira, no concelho de Sintra. De acordo com o SEF, o suspeito lidera um grupo criminoso que opera em Portugal, Espanha, França, Alemanha, Ucrânia e Moldávia.
O agora detido era responsável por uma fábrica ilegal de cigarros em Espanha e já tinha sido condenado em Portugal por liderar uma rede que angariava cidadãos da Ucrânia e Moldávia sob falsos pretextos de trabalho e uma vida melhor no país.
Sobre o detido, indicou o SEF em comunicado enviado às redações, pendia "uma indicação de não admissão no Espaço Schengen, inserida por Portugal, e um mandado de detenção europeu, inserido pelas autoridades espanholas".
Em causa estão "fortes indícios da existência de uma organização criminosa estruturada e permanente ao longo do tempo, dirigida pelo agora detido, e com ramificações internacionais".
Segundo a nota, a organização tinha uma fábrica ilegal de cigarros da marca Marlboro, que usava mão de obra ilegal, num armazém em Ourense, Espanha.
O suspeito, conhecido pelo nome de 'Borman' pelas autoridades portugueses, angariava "cidadãos oriundos sobretudo da Ucrânia e Moldávia", desde 2002, prometendo-lhes "trabalho e melhores condições de vida" em Portugal.
"Durante o percurso até ao nosso país, em carrinhas, os imigrantes eram regularmente intercetados em bombas de combustíveis por elementos da rede, já acordadas com os motoristas, e extorquidos ao longo da viajem, mediante ameaças e violência que, muitas das vezes, se concretizava", acrescentou o SEF.
Já em Portugal, os "imigrantes eram despojados dos seus pertences, documentos e dinheiro, ficando à mercê da rede criminosa", sendo que "os homens aguardavam colocação em obras de construção civil, enquanto as mulheres eram colocadas em casas de alterne e de prostituição".
As vítimas eram obrigadas a "pagar, sob ameaças e agressões, metade do seu o ordenado sob o pretexto de uma alegada proteção contra outros mafiosos".
Em maio de 2002, o homem chegou a ser condenado pelo Tribunal de Cascais a 18 anos de prisão pela prática dos "crimes de associação criminosa, sequestro, extorsão, detenção de arma proibida, auxílio à imigração ilegal e falsificação de documentos".
Em 2018, foi novamente condenado num outro processo a "oito anos de prisão, pela prática dos crimes de falsificação de documentos, com pena acessória de expulsão pelo período de 10 anos, com interdição de entrada em Portugal, a qual violou".
A detenção ocorreu no âmbito da operação 'Three Strikes', "que indicia a prática dos crimes de falsificação de documentos, associação criminosa, fraude fiscal, contrabando transnacional de tabaco e violação de interdição de entrada em Espaço Schengen". Durante esta operação foram realizadas buscas domiciliárias e a viaturas.
A operação contou com 15 inspetores do SEF e quatro da PJ, tendo sido possível apreender vários documentos falsificados, 55 mil euros em dinheiro e duas viaturas.
O detido será agora presente ao Tribunal da Relação competente para ulteriores trâmites processuais.
[Notícia atualizada às 17h24]
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