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"Estive com médicos que fizeram mais de 1.000 horas extraordinárias"

Bastonário da Ordem dos Médicos apontou para o ministério da Saúde e, principalmente, para o Governo como culpáveis de qualquer eventual morte, resultante da crise que o setor vive.

"Estive com médicos que fizeram mais de 1.000 horas extraordinárias"
Notícias ao Minuto

23:51 - 18/10/23 por Notícias ao Minuto

País Carlos Cortes

O Bastonário da Ordem dos Médicos revelou, esta quarta-feira, casos de médicos que "fizeram mais de 1.000 horas extraordinárias". São, no total, pouco mais de 41 dias extra ao fim de um ano.

Na Grande Entrevista, da RTP3, Carlos Cortes argumentou que realizar este tipo de horas extras anuais "não é humanamente possível" e é "colocar uma pressão absolutamente inaceitável, sistematicamente, sobre os médicos", bem como "uma culpa e uma responsabilidade que não podem assumir".

Os médicos que "trabalham 40 horas por semana, são obrigados pela lei a fazer mais de 150 horas", explicou Cortes, argumentando que "neste momento recusam-se, não é a fazer mais de 150 horas de urgência por ano", mas sim "a fazer mais de 400, 600 horas por ano". "Ainda a semana passada, estive com médicos que fizeram mais de 1.000 horas extraordinárias", alertou.

"Obviamente que um médico que, ao final da semana, que já trabalhou 60 ou 80 horas, não tem as mesmas capacidades que outro que, por exemplo, trabalhou 35 horas", considerou o bastonário da Ordem dos Médicos, defendendo que "aquilo que os médicos estão a pedir, neste momento, ao Governo, é um sentido de responsabilidade" e "olhar para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e para a situação dos médicos com uma responsabilidade que não tem tido, para que não haja precisamente falhas de segurança, para que os médicos não corram riscos".

Culpáveis de uma eventual morte? "Ministério da Saúde e o Governo"

Questionado sobre quem seriam os culpáveis por uma eventual morte resultante da crise no setor da Saúde, Carlos Cortes não hesitou: "O ministério da Saúde e o Governo, fundamentalmente."

"O Governo tem todas as soluções para poder resolver o problema, que lhe foram transmitidas pela própria Ordem dos Médicos, nas matérias que são da Ordem dos Médicos", e pelos sindicatos, "que estão neste momento em negociações".

"Os médicos apresentaram várias soluções para reformar o SNS. Para dar mais capacidade ao SNS de responder às necessidades dos doentes. Agora, o Governo não pode sistematicamente fazer promessas, mostrar intenções e depois não concretizar estas mudanças", vincou.

2.000 médicos já entregaram recusa a ultrapassar limite de horas extraordinárias anuais

Carlos Cortes aproveitou, ainda, para revelar que cerca de 2.000 médicos já entregaram a recusa em ultrapassar o limite legal de 150 horas extraordinárias anuais. Ou seja, menos de 10% dos médicos que formam o SNS, segundo as contas do próprio bastonário.

"Preocupa-nos aquilo que vai acontecer no momento particularmente sensível que é o inverno, onde as infeções respiratórias vão aumentar, em que as patologias crónicas podem descompensar. Estas pessoas, estes doentes, vão ter que recorrer ao serviço de urgência, vai-se colocar uma dupla pressão", alertou ainda.

Primeiro, "em serviços de urgência que não respondem em determinadas valências", mas também "indiretamente nos outros hospitais, que têm essas valências, e que estão a receber doentes de hospitais que não dão essa resposta".

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