Ativistas foram ao ministério pedir ajuda para família despejada em Lisboa
Ativistas estavam hoje às 17h15 no Ministério da Habitação, em Lisboa, para pedir ajuda para uma família, constituída por um casal e um idoso dependente, despejada esta manhã em Arroios, Lisboa, sem alternativas habitacionais.
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País Habitação
Segundo Ana Gago, da associação Habita, a mulher despejada e ativistas estão desde a manhã de hoje no Ministério da Habitação, onde esperavam reunir-se com a ministra Marina Gonçalves.
"Primeiro, a ministra Marina Gonçalves mandou dizer que esperássemos que iria receber-nos logo após a reunião em que estava. Agora, mandou a polícia dizer que fôssemos embora, que hoje já não nos recebe", revelou Ana Gago, da associação Habita, uma das ativistas que está com a mulher despejada, Alcina Lourenço.
Os ativistas vão manter-se no interior do ministério até ao seu encerramento, antes das 18h00, enquanto estão a tentar um contacto com a linha 144 (Linha Nacional de Emergência Social) para ver se é encontrada uma solução para que pelo menos nos próximos dias esta família não durma na rua.
Ana Gago destacou que a família procura uma casa onde possam ficar todos, incluindo o idoso, pai de Alcina.
"As soluções que têm apresentado são um grande nada. As instituições andam a enviar-nos umas para as outras e depois dizem que a família é que recusa, mas as soluções apresentadas, na realidade, é que muitas das vezes nem sequer são soluções. O Ministério da Habitação não consegue resolver os problemas de habitação", lamentou.
Em causa está o despejo, decretado pelo tribunal, de Carlos Almeida, de Alcina Lourenço e do pai desta, de 89 anos, que se movimenta numa cadeira de rodas.
Carlos Almeida, um dos despejados, disse à Lusa hoje, a meio do dia, que estava junto ao apartamento a "guardar as coisas", enquanto o idoso tinha sido recolhido por algumas horas em casa de uma vizinha.
Confirmou que o despejo ocorreu hoje de manhã e, sem alternativas, resta à família dormir hoje na rua.
A família recusava-se a sair do T4 na zona de Arroios onde Carlos e Alcina, um casal, e o idoso, pai de Alcina, moravam (estes dois últimos há algumas décadas) por não ter encontrado, desde 2020, uma casa no mercado habitacional com uma "renda compatível com os seus rendimentos" e na qual conseguissem ficar juntos, incluindo o idoso, do qual a mulher cuida.
As autoridades já tinham tentado despejar a família no dia 03, mas vários populares e elementos da Habita juntaram-se no local e, apesar da presença de duas viaturas com elementos da PSP, não foi feita nenhuma tentativa para entrar no apartamento e retirar a família.
Segundo Carlos Almeida, Alcina tinha cerca de 7 anos quando foi viver, com o seu pai, para esta casa, com contrato de arrendamento em nome de uma tia que a ajudou a criar, mas que entretanto faleceu, tendo o senhorio ignorado tentativas de novo contrato e ajustamento do valor da renda.
Segundo a Habita, esta família tem rendimentos totais de cerca de 1.200 euros e procurou nos últimos anos acesso a uma casa no mercado habitacional, mas também junto da Câmara e da Santa Casa da Misericórdia, sem sucesso.
Em 03 de outubro, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, contactada pela agência Lusa, assegurou que "tem estado a acompanhar a situação do agregado em causa" e que procurou encontrar "uma solução de resposta de emergência, perante a iminência da execução da ação despejo".
No entanto, a família salientou que recusou esta proposta porque esta previa a ida do idoso para um lar.
Alcina Lourenço, segundo a Câmara de Lisboa, está registada na Plataforma Habitar Lisboa desde 2021 e apresentou duas candidaturas ao programa de arrendamento apoiado, mas "a pontuação obtida, de acordo com a matriz de ponderação da carência socioeconómica, não atinge o valor que permita o acesso a uma habitação municipal".
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