"Eu tenho medo, e rezarei, porque nós podemos estar à beira de uma guerra mundial, porque esta zona do mundo é muito sensível e muito complicada. E basta que outros atores entrem no conflito e nós temos imediatamente uma terceira guerra mundial", disse Américo Aguiar.
"A história deste território (Médio Oriente) é um `puzzle´, é um tapete de Arraiolos (...), é muito complicado. Quando nós fomos assaltados pelas imagens de 07 de outubro, eu confesso que me perguntei a mim mesmo qual era o objetivo do Hamas, porque estava convencido de que, a seguir àquilo, ia acontecer o que, infelizmente, está a acontecer. Não tinha dúvida nenhuma", acrescentou.
Américo Aguiar, que falava aos jornalistas pouco depois da sua tomada de posse como IV bispo de Setúbal, começou por dizer que compreendia as declarações de António Guterres, mas também a reação dos israelitas.
Israel pediu a demissão imediata do secretário-geral da ONU, António Guterres, por ter dito que os ataques do grupo islamita Hamas "não aconteceram do nada", depois de condenar os ataques daquele movimento, que raptou mais de 200 pessoas e causou mais de mil vítimas mortais no ataque terrorista de 07 de outubro em território israelita.
"Eu compreendo o que disse o senhor engenheiro António Guterres. Compreendo, mas não lhe dou a carga negativa que lhe deram. Mas também compreendo a leitura imediata que alguns (israelitas) fizeram", disse Américo Aguiar.
Sobre a guerra entre israelitas e o Hamas, Américo Aguiar disse que se trata de um conflito numa zona do mundo "muito sensível e muito complicada" e responsabilizou o Ocidente pelo que tem feito no Médio Oriente.
"Tudo aquilo que o Ocidente fez nesta zona, fez mal. Nós temos o Iraque, foi o que foi, nós temos a Síria, que foi o que foi, nós temos o Afeganistão, que foi o que foi. E quem sofre são sempre os mesmos: são as crianças, são os idosos, são as famílias e são os sonhos. Tudo isso é destruído", disse Américo Aguiar.
"Nós olhamos para estes povos, que têm direito à sua história, têm direito aos seus sonhos, têm direito a construir as suas vidas. E o que nós vemos é decisões do Ocidente que só têm prejudicado a vida destes homens, destas mulheres, seja no Médio Oriente, seja em África. Eu acho que o Ocidente, as Nações Unidas, as grandes potências, têm que pôr a mão na consciência, para refletirem se, de facto, temos tomado as melhores decisões para o bem destes povos, ou se temos tomado sempre decisões para o bem de cada país [ocidental]", defendeu novo bispo de Setúbal.
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