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Reprivatização? "É possível viver sem a TAP, por mais que se ame a TAP"

O comentador Miguel Sousa Tavares reconheceu que a companhia - que já amou "quase como se fosse" da sua família - "vale mais quando está a dar lucro".

Reprivatização? "É possível viver sem a TAP, por mais que se ame a TAP"
Notícias ao Minuto

23:59 - 02/11/23 por Notícias ao Minuto

Política Miguel Sousa Tavares

Miguel Sousa Tavares comentou, esta quinta-feira, o processo de reprivatização da TAP, considerando que a transportadora aérea "vale mais quando está a dar lucro" e que "é possível viver sem" a companhia.

"Nós gostaríamos que a TAP fosse portuguesa desde que nos garantissem que não havia lá greves selvagens nem precisávamos de lá por mais um euro. Isso é o que os portugueses gostariam, mas isso é o país das maravilhas, isso não existe", começou por referir Miguel Sousa Tavares no seu novo espaço de comentário na TVI, acrescentando que "não é possível que a TAP sobreviva sozinha no mercado de aviação".

O comentador afirmou ainda que considera que "não é possível" responder às "exigências" do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, nomeadamente o direito de intervenção do Estado.

"Quem é que quer comprar uma companhia aérea em que o governo fica com direito de intervenção? Quem?", questionou.

Em causa está o facto de Marcelo Rebelo de Sousa ter pedido ao Governo, após vetar o diploma de privatização, que clarifique "a capacidade de acompanhamento e intervenção do Estado numa empresa estratégica como a TAP".

Sobre o processo de venda, Miguel Sousa Tavares disse ser da opinião de que a TAP deveria acumular em lucro os 3,2 mil milhões de euros investidos pelo Governo e só depois ser privatizada. No entanto, reconheceu, a "TAP vale mais quando está a dar lucro".

"Nós não vivemos assim tão mal sem a TAP. É possível viver sem a TAP, por mais que a gente ame a TAP - e eu já amei a TAP quase como se fosse da minha família", disse, frisando ser a "favor da privatização".

Miguel Sousa Tavares sublinhou que a transportadora aérea representa, em termos de passageiros, 50% em Lisboa e "só" 30% no Funchal, 20% no Porto e Ponta Delgada e 5% em Faro. 

"Ou seja, tudo o que a TAP presta como serviço, qualquer outra companhia presta imediatamente um mês depois", acrescentou.

O Governo anunciou, a 28 de setembro, a intenção de alienar pelo menos 51% do capital da TAP, reservando até 5% aos trabalhadores. 

Em conferência de imprensa, o ministro das Finanças, Fernando Medina, e o das Infraestruturas, João Galamba, apresentaram os objetivos estratégicos centrais da venda da TAP, que passam pela manutenção e crescimento do 'hub' (aeroporto que serve como centro de distribuição de passageiros), o crescimento da TAP, o investimento e emprego que o novo investidor possa trazer para Portugal em atividades de alto valor no setor da aviação, o melhor aproveitamento da rede de aeroportos nacionais valorizando e fazendo crescer operações de ponto a ponto, nomeadamente no aeroporto do Porto, e o preço e valor oferecido para aquisição das ações da companhia.

Na passada sexta-feira, o Presidente da República vetou o decreto do Governo que enquadra as condições para a reprivatização da TAP, pedindo clarificação sobre a intervenção do Estado, a alienação ou aquisição de ativos e a transparência da operação.

O chefe de Estado pediu ao Governo que clarifique "a capacidade de acompanhamento e intervenção do Estado numa empresa estratégica como a TAP; a questão da alienação ou aquisição de ativos ainda antes da privatização; a transparência de toda a operação", lê-se na mesma nota divulgada na altura na página oficial na internet da Presidência da República.

Leia Também: TAP? Governo e Presidente da República estão num "momento de interação"

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