Crise? "Não me sinto responsável por coisa nenhuma", esclarece PGR

A procuradora-geral da República, Lucília Gago, esclareceu que o parágrafo referente à investigação que pende sobre António Costa no Supremo Tribunal de Justiça "diz, com transparência, aquilo que estava em causa no contexto da investigação que está em curso".

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© Miguel Figueiredo Lopes/Presidência da República

Daniela Filipe
23/11/2023 11:37 ‧ 23/11/2023 por Daniela Filipe

País

Crise política

A procuradora-geral da República, Lucília Gago, adiantou, esta quinta-feira, que não se sente responsável pela crise política em que Portugal se encontra mergulhado, na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa, e da consequente dissolução da Assembleia da República. 

"Não me sinto responsável por coisa nenhuma. Como disse, a Procuradoria-Geral da República (PGR), o Ministério Público (MP), no concreto investiga, perante a notícia dos factos, aquilo que deve investigar", disse a responsável,  à margem de uma conferência sobre violência doméstica na sede da Polícia Judiciária (PJ).

E continuou: "Aquilo que quero dizer é que o MP continuará a fazer as investigações, essa e todas as outras que tem em mãos, naturalmente sem dramatizar."

Lucília Gago esclareceu ainda que o parágrafo referente à investigação que pende sobre António Costa no Supremo Tribunal de Justiça "diz, com transparência, aquilo que estava em causa no contexto da investigação que está em curso".

"A necessidade foi de transparência, de informação relativamente à investigação que está em curso e, portanto, teria naturalmente de ser colocado, sob pena de, não constando no comunicado, se pudesse afirmar que estava indevidamente a ocultar-se um segmento da maior relevância", complementou.

A procuradora-geral reiterou que se tratou, assim, de uma ação "em defesa da transparência que à PGR cumpre salvaguardar". Contudo, não deixou de destacar que as "notas para a imprensa são sempre trabalhadas pelo gabinete de imprensa, como foi o caso", ainda que em situações "mais melindrosas, mais sensíveis", sejam acompanhadas "muito de perto na sua redação".

Costa, Marcelo e o "pobre protagonista": A fita da nova tensão em Belém

A breve reunião entre Marcelo Rebelo de Sousa e Lucília Gago, que aconteceu entre as duas reuniões com António Costa, no passado dia 7, continua a suscitar dúvidas. Mais do que o conteúdo da mesma, quem sugeriu a marcação com a procuradora-geral da República é o foco de mais uma tensão entre Presidente, chefe de Governo e um único conselheiro de Estado.

Hélio Carvalho | 09:29 - 22/11/2023

"Fui a Belém por solicitação do senhor Presidente da República", disse, escusando-se a comentar se o pedido foi feito pelo primeiro-ministro demissionário, nem "o teor dessa conversa".

E asseverou: "É o senhor Presidente da República que me nomeia, portanto, é absolutamente normal que queria comigo conversar sobre temas relevantes para o desenvolvimento da atividade em curso."

Lucília Gago confessou ainda que se sente "sempre com o dever de apresentar os melhores resultados" das investigações em curso, rejeitando que as críticas à ação do MP possam vir a colocar em causa a sua autonomia.

A Procuradora-Geral da República recusou, contudo, esclarecer se foi recebida pelo Presidente da República por sugestão do primeiro-ministro, António Costa, depois de serem conhecidas as buscas e detenções da Operação Influencer.

Recorde-se que António Costa salientou que não teve "nenhuma conversa pública" com o conselheiro de Estado António Lobo Xavier, depois deste ter adiantado que foi o chefe do Executivo que solicitou a presença de Lucília Gago no Palácio de Belém, a propósito da Operação Influencer.

Antes, o primeiro-ministro já tinha ressalvado que não se recordava de ter falado publicamente sobre o pedido, ao mesmo tempo que sublinhou que nunca transmitia por heterónimos conversas com o Presidente da República, depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter revelado, em Bissau, que foi o chefe do Governo quem fez tal solicitação.

Marcelo Rebelo de Sousa fez ainda questão de assinalar que esse pedido já tinha sido mencionado publicamente pelo primeiro-ministro, mas António Costa insistiu que nunca falou sobre a questão publicamente.

[Notícia atualizada às 12h11]

Leia Também: IL pergunta a Costa se sugeriu que PGR fosse recebida por Marcelo

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