À entrada da Câmara Municipal do Porto, três jornalistas do diário centenário aguardavam hoje pela chegada do primeiro-ministro, António Costa, que participaria na cerimónia solene de mais uma edição do Governo+Próximo, no distrito do Porto.
O objetivo era entregar a António Costa um manifesto e sensibilizar o Governo para a intenção do Global Media Group avançar com o despedimento coletivo.
O documento acabou, no entanto, nas mãos do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes, que garantiu que iria partilhar o documento com António Costa, com quem os jornalistas acabaram por não se cruzar.
No manifesto, a que a Lusa teve acesso, a redação do Jornal de Notícias afirma que o corte anunciado pela administração "será a morte" do diário.
"Se esta impensável decisão avançar, o titulo até pode sobreviver mais um ano ou outro, mas nunca será capaz de continuar a fazer a diferença", defendem.
O Global Media Group (GMG) vai negociar "com caráter de urgência" rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação para evitar "a mais do que previsível falência do grupo", anunciou hoje num comunicado interno.
De acordo com o comunicado, a que a agência Lusa teve acesso, os acordos de rescisão serão negociados "num universo entre 150 e 200 trabalhadores nas diversas áreas e marcas" do grupo, sendo o objetivo "evitar um processo de despedimento coletivo" que, segundo a Comissão Executiva, "apenas será opção em último caso".
"Face aos constrangimentos financeiros criados pela anulação do negócio da Lusa", a administração do GMG avança ainda que "o pagamento do subsídio de Natal referente ao ano de 2023 só poderá ser efetuado através de duodécimos, acrescido nos vencimentos de janeiro a dezembro do próximo ano".
A redação do JN está em greve hoje e quinta-feira, face à "falta de resposta da administração ao pedido de esclarecimento sobre a intenção de despedimento coletivo no Global Media Group enviado em 24 de novembro", lê-se na informação enviada na semana passada à Lusa.
A redação do JN criou uma petição contra o despedimento coletivo anunciado alertando que será "a morte" daquele diário e que terá consequências para região Norte.
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