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Marcelo e Costa em divergência no ano que ditou o fim da coabitação

Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa foram eleitos como dupla pelos jornalistas da agência Lusa personalidades nacionais de 2023, ano em que estiveram publicamente em divergência e que ditou o fim da sua coabitação.

Marcelo e Costa em divergência no ano que ditou o fim da coabitação
Notícias ao Minuto

09:26 - 12/12/23 por Lusa

País Ano em revista

Como Presidente da República e primeiro-ministro, marcaram em conjunto os últimos oito anos de vida política do país, desde 2016, e poderiam ter coincidido nos respetivos cargos até 2026, ultrapassando em longevidade a convivência institucional entre Mário Soares e Cavaco Silva.

O horizonte da atual legislatura, em que o PS tem maioria absoluta, foi encurtado na sequência da demissão do primeiro-ministro, em 07 de novembro, com a dissolução do parlamento, decidida pelo chefe de Estado dois dias depois, e a convocação de legislativas antecipadas para 10 de março de 2024.

"Fechou-se um ciclo da história portuguesa", comentou Marcelo Rebelo de Sousa. António Costa anunciou o seu afastamento de cargos públicos até ao desfecho do inquérito judicial de que é alvo, sem excluir um regresso num futuro mais distante: "Logo veremos se ainda há tempo para a política."

No primeiro mandato, o Presidente cooperou com uma solução inédita de governação minoritária do PS apoiada pelos partidos mais à esquerda no parlamento, com quem teve, nas suas palavras, uma "coabitação especial", o que lhe valeu críticas da sua área política e do partido a que em tempos presidiu, o PSD.

Marcelo foi reeleito em 2021, numas presidenciais em que o PS oficialmente não tomou partido, mas destacados socialistas o apoiaram e Costa manifestou antecipadamente a vontade de que a cooperação entre ambos prosseguisse.

Em 2022, o quadro político mudou, em resultado da dissolução do parlamento, perante o chumbo do Orçamento do Estado. Desfeita a "Geringonça", o PS venceu com maioria absoluta as legislativas antecipadas de 30 de janeiro.

O Presidente assumiu um papel mais vigilante e exigente. Na posse do Governo, em 30 de março, avisou o primeiro-ministro que a sua saída a meio da legislatura provavelmente levaria a nova dissolução, e foi repetindo que não abdicava desse poder.

Sucessivos casos polémicos provocaram demissões e remodelações, com destaque para o relacionado com a TAP, objeto de uma comissão parlamentar de inquérito. Em março de 2023, Marcelo apontava ao executivo "um ano praticamente perdido" e "uma maioria cansada".

Em maio, Presidente e primeiro-ministro divergiram em público por causa da continuidade de João Galamba no Governo após incidentes no Ministério das Infraestruturas.

Passados seis meses, o país amanheceu com a notícia de buscas na residência oficial de São Bento e em vários gabinetes do Governo, que visavam, entre outros, o então chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, e também o ministro João Galamba, que viria a demitir-se.

Nessa manhã de 07 de novembro, o primeiro-ministro foi ao Palácio de Belém, depois Marcelo recebeu a procuradora-geral da República, Lucília Gago, e de seguida novamente o primeiro-ministro, numa breve audiência. Regressado de Belém, Costa comunicou ao país o seu pedido de demissão, de imediato aceite pelo chefe de Estado.

Entretanto, o Ministério Público tinha divulgado estar em causa uma investigação sobre projetos de hidrogénio e lítio e de um centro de dados, a partir da qual instaurou um inquérito autónomo junto do Supremo Tribunal de Justiça ao primeiro-ministro.

O Conselho de Estado dividiu-se quanto à dissolução. O primeiro-ministro sugeriu a nomeação de um novo Governo chefiado, por exemplo, pelo governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, opção que o Presidente rejeitou.

Houve ainda atrito entre Marcelo e Costa sobre a ida da procuradora-geral a Belém e o sigilo do Conselho de Estado.

O Presidente da República prometeu "apagar-se" até às eleições, mas termina o ano no centro das atenções mediáticas, envolvido no caso de duas gémeas luso-brasileiras que vieram a ser tratadas no Hospital de Santa Maria com um dos medicamentos mais caros do mercado.

Leia Também: "Consciência tranquila", farpas ao PSD e... polémicas. Que disse Costa?

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