Lisboa ativou plano para pessoas sem-abrigo "antes de a situação piorar"

A Câmara de Lisboa ativou hoje o plano de contingência para pessoas em situação de sem-abrigo, devido ao tempo frio, abrindo o Pavilhão Municipal Casal Vistoso para pernoitarem, "antes de a situação piorar", admitiu o presidente da autarquia.

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© Global Imagens/Carlos Pimentel

Lusa
09/01/2024 20:54 ‧ 09/01/2024 por Lusa

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Câmara de Lisboa

A Câmara de Lisboa ativou hoje o plano de contingência para pessoas em situação de sem-abrigo, devido ao tempo frio, abrindo o Pavilhão Municipal Casal Vistoso para pernoitarem, "antes de a situação piorar", admitiu o presidente da autarquia.

"Este plano de contingência é um plano que todos os anos é ativado se as temperaturas estiverem dois dias abaixo dos 3°C, mas decidi como presidente da câmara que deveríamos acioná-lo já. Não estamos ainda obviamente a 3°C, mas estamos com temperaturas muito baixas (...) e temos uma população de pessoas em situação de sem-abrigo muito vulnerável e, portanto, era necessário atuar antes de a situação piorar", afirmou Carlos Moedas (PSD).

O autarca falava no Pavilhão Municipal Casal Vistoso, em Lisboa, momentos antes da abertura das instalações para acolher os sem-abrigo da capital, entre as 18:00 e as 09:00, na sequência da ativação do plano de contingência devido ao tempo frio que se regista na cidade.

"Temos uma situação na saúde pública, nos hospitais, que está sobrecarregada com gripes, com doenças respiratórias e, portanto, nós aqui temos já um centro que estamos, de certa forma também a complementar e a ajudar, porque as pessoas em situação de sem-abrigo chegam aqui, têm uma triagem na área da saúde, onde podem ser medicamentadas", explicou Moedas.

No pavilhão, com cerca de uma centena de camas montadas (que podem chegar às 150), estão também equipas dos Médicos do Mundo e pessoal da Junta de Freguesia, da Cruz Vermelha Portuguesa, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e do Serviço Municipal de Proteção Civil.

A ativação do Plano de Contingência para as Pessoas em Situação de Sem-Abrigo implica, entre outros procedimentos, a divulgação nos habituais pontos de concentração, onde irão estar equipas técnicas de rua a efetuar o encaminhamento das pessoas para o Pavilhão Municipal Casal Vistoso.

Neste local, funcionará o dispositivo integrado de apoio às pessoas em situação de sem-abrigo, que reúne e tem o acompanhamento de várias estruturas, e onde serão servidas refeições quentes, alimentos e agasalhos.

O que permite, conforme salientou Carlos Moedas, identificar e apresentar soluções de futuro às pessoas sem-abrigo, encaminhando-as "para outras soluções, associações, redes de emprego, soluções que possam ter e mudar a vida" dessas pessoas.

"Cada vez que lançamos este plano de contingência, ele também tem um efeito de encontrar soluções que possam ser a mais longo prazo, mas sobretudo é proteger as pessoas do frio, nós temos indicação de que as temperaturas ainda podem baixar na sexta-feira e, portanto, protegendo as pessoas do frio da situação que vivem à noite aqui neste centro", frisou.

O autarca salientou que muitos destas pessoas sem-abrigo "são acompanhadas por animais" e, por isso, no pavilhão está também a organização Animalife, para "ajudar a poder também acolher os animais".

O município, prosseguiu, lançou um plano nos próximos sete anos, de 70 milhões de euros, que deverá aumentar as vagas permanentes para ajudar as pessoas em situação de sem-abrigo.

"Hoje acolhemos, damos casa a 1.050 pessoas em Lisboa nesta situação e o meu plano e o meu objetivo como presidente da câmara é duplicar este número de vagas, seja através de casas, seja através de centros de acolhimento, mas temos que ter aqui uma gestão a nível metropolitano", apontou Carlos Moedas.

O social-democrata avançou que, neste momento, Lisboa tem os centros de acolhimento do Beato e Santa Bárbara, com quase 400 vagas de acolhimento, mas precisa "de trabalhar com os municípios à volta de Lisboa" para poder "dar resposta também à volta daquilo que é a cidade de Lisboa, na área metropolitana".

"E para isso estou a falar com os vários presidentes da câmara, os meus colegas da área metropolitana para podermos dar uma resposta mais completa", vincou.

Em Lisboa estão referenciadas mais de 3.000 pessoas em situação de sem-abrigo, "mas só 390 é que vivem sem teto, ou seja, que não têm qualquer solução", referiu Moedas.

"Temos ajudado com muitas casas no nosso programa A Casa Primeiro ['Housing First'], porque primeiro é preciso uma casa, já temos 400 casas que são disponibilizadas e depois os centros de acolhimento, portanto, se conseguirmos passar de 1.050 para quase 2.000 casas, habitação para estes soluções, é muito importante", advogou.

Além da abertura do pavilhão, também as estações do Metropolitano do Rossio, Santa Apolónia e Oriente vão estar abertas à população em situação sem-abrigo das 23:00 às 06:30.

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), uma massa de ar polar tem originado temperaturas inferiores ao normal para esta época.

Segundo uma nota do IPMA, a partir do final da tarde de quarta-feira, "uma massa de ar polar continental, com origem na região da Escandinávia, irá gradualmente invadir o norte da Península Ibérica, e posteriormente o sul, resultando em nova descida da temperatura, em especial da mínima" na quinta-feira.

"Assim, no dia 11, esperam-se temperaturas mínimas entre -5 e 0°C no interior Norte e Centro, sendo entre 1 a 5°C no interior Sul e litoral Norte e Centro, e até 8°C no litoral Sul", lê-se no comunicado.

Leia Também: Câmara de Lisboa ativou plano de contingência por causa do frio

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