Embaixador russo em Portugal critica "politização" da morte de Navalny

O embaixador da Rússia em Lisboa reagiu hoje à morte numa prisão estatal do opositor russo Alexei Navalny, pela qual União Europeia e Estados Unidos responsabilizam o Kremlin, criticando a "politização" do facto e a comunicação social portuguesa.

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© Alexei Boitsov/Bloomberg via Getty Images

Lusa
16/02/2024 19:17 ‧ 16/02/2024 por Lusa

País

Mikhail Kamynin

"Antes de informação completa sobre as circunstâncias da morte de Alexei Navalny aparecer, o espaço mediático local encheu-se de sentenças condenatórias contra o nosso Estado", destacou o diplomata Mikhail Kamynin, citado numa nota publicada no canal da embaixada na rede social Telegram, depois de União Europeia, Estados Unidos e diversos países europeus terem responsabilizado o Presidente russo, Vladimir Putin, pela morte do opositor.

"A cobertura tendenciosa desta notícia está em plena sintonia com a retórica hostil dos 'media' portugueses que durante os últimos dois anos têm impingido ativamente ao seu público uma imagem 'demoníaca' da Rússia", acusou.

"Não vale a pena politizar a morte duma pessoa", disse ainda Mikhail Kamynin.

O opositor russo Alexei Navalny, um dos principais críticos de Vladimir Putin, morreu na prisão, segundo o serviço penitenciário federal da Rússia.

Navaly, 47 anos, estava numa prisão no Ártico, para cumprir uma pena de 19 anos de prisão sob "regime especial" e, segundo aqueles serviços, sentiu-se mal depois de uma caminhada e perdeu a consciência.

Destacados dirigentes ocidentais e os apoiantes do opositor responsabilizam o presidente russo, Vladimir Putin, pela sua morte.

Para Mikhail Kamynin, a "cobertura tendenciosa" corresponde "totalmente aos interesses das elites políticas do Ocidente, cuja narrativa antirrussa militarista dos últimos meses tanto necessita de apoio público".

"As 'bombas' mediáticas, como a de hoje, visam garanti-lo", frisou, criticando ainda a falta de conclusões do processo da investigação às explosões nos gasodutos Nord Stream e Nord Stream 2.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, responsabilizou hoje o Presidente russo, Vladimir Putin, pela morte do opositor Alexei Navalny, assim como por muitas outras mortes, e admitiu a intensificação de sanções à Rússia.

"Temos aqui mais este caso trágico, de Alexei Navalny, uma figura de grande relevo na política russa, que teve a ousadia de desafiar Putin. Foi envenenado, esteve a recuperar durante algum tempo, quis regressar à Rússia, foi imediatamente preso e nos últimos tempos as notícias que fomos recebendo foram de prisões cada vez mais duras para Alexei Navalny, portanto é evidente que Putin é o responsável pela morte de Alexei Navalny, tal como é responsável por tantas outras mortes", disse o governante em declarações à RTP3 a partir de Munique, na Alemanha.

Gomes Cravinho sublinhou que Putin é o responsável pelo regime que instituiu, "uma ditadura" que coloca sistematicamente "os seus opositores na prisão ou no exílio".

O Presidente norte-americano, Joe Biden, manifestou-se hoje "indignado", mas "não surpreendido", com a notícia da morte do opositor russo Alexei Navalny, pela qual responsabilizou o homólogo russo, Vladimir Putin.

"Não se deixem enganar: Putin é responsável pela morte de Navalny", disse o chefe de Estado norte-americano, em declarações à imprensa na Casa Branca, frisando tratar-se de "mais uma prova da brutalidade de Putin".

De acordo com o líder norte-americano, "Putin não visa apenas cidadãos de outros países, como temos visto o que está a acontecer na Ucrânia neste momento, mas ele também comete crimes terríveis contra o seu próprio povo".

Biden, que admitiu ainda não saber exatamente os contornos da morte de Navalny, classificou o opositor russo como uma "voz poderosa pela verdade" mesmo a partir da prisão.

Dezenas de pessoas concentraram-se hoje frente à embaixada russa em Lisboa para prestar homenagem a Alexei Navalny, acendendo velas, deixando flores, escrevendo em cartazes frases do opositor do Kremlin hoje morto, ou simplesmente chorando.

O silêncio é quebrado por vezes com palavras de ordem, em russo, como "A Rússia vai ser livre".

Nalguns cartazes pode ler-se, em inglês, "Navalvy foi morto por Putin" e "Nós não vamos desistir".

Leia Também: Guterres "chocado" com morte de Navalny e pede "investigação credível"

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