Uma em cada cinco notícias sobre violência de género "justificam-na"
A comunicação social, no entanto, consciencializa, sensibiliza e previne a violência de género duas vezes mais do que as redes sociais.
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País Violência de género
Uma em cada cinco (20%) notícias publicadas pelos meios de comunicação social "continuam a justificar as agressões e uma em cada seis viola a intimidade das vítimas, através da exposição de dados pessoais que estas prefeririam evitar".
A afirmação é da LLYC, que realizou um relatório cujas conclusões foram partilhadas em comunicado enviado às redações.
"Aqueles que participam na conversa social sabem que dar visibilidade à violência de género é fundamental para avançar na sua erradicação. No entanto, fazê-lo mal pode ser contraproducente, gerando sensacionalismo e provocando uma dupla vitimização. Na LLYC, queremos não só evidenciar este risco, mas também fornecer ferramentas para evitá-lo", disse Luisa García, sócia e COO Global da LLYC.
"No geral, sabemos muito sobre as vítimas e pouco sobre o agressor: 75% mais menções aos atributos das vítimas. O negacionismo alimenta-se a si próprio: uma insinuação nos meios de comunicação social multiplica-se por quatro na conversa social", lê-se na missiva.
Em sentido contrário, no entanto, "os meios de comunicação social consciencializam, sensibilizam e previnem a violência de género duas vezes mais do que nas redes sociais, que são mais sensacionalistas".
O relatório 'Desfocadas: Como opinar e informar melhor sobre a violência de género' foi realizado pela LLYC no âmbito do dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, em associação com a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV).
Foi utilizada inteligência artificial (IA) para comparar 5,4 milhões de notícias e 14 milhões de mensagens nas redes sociais "sobre a violência de género" com recomendações de organismos internacionais, como a ONU.
"A conversa nas redes sociais é ainda mais sensacionalista do que nas notícias: os meios de comunicação social consciencializam e sensibilizam duas vezes mais", concluiu a LLYC, que lançou também uma ferramenta de IA para "ajudar a falar e a informar melhor sobre a violência de género", chamada 'The Purple Check'.
Trata-se de uma ferramenta "que permite verificar se as palavras que utilizamos são corretas ou se incluem parcialidade". Caso tal se verifique, a ferramenta "recomendará uma solução alternativa para dizer a mesma coisa de forma a informar sem promover a desigualdade e, assim, devolver o foco à comunicação". A ferramenta é de livre acesso "porque contribuir para a mudança é tarefa de todos".
Durante um ano, foram analisados "226,2 milhões de artigos de notícias gerais, 5,4 milhões de notícias sobre a violência de género e 14 milhões de mensagens na rede social X (antigo Twitter) relacionadas com a violência de género nos 12 países onde a consultora está presente". São eles Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, México, Panamá, Peru, Portugal e República Dominicana, diz o relatório.
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