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Ordem dos Advogados propõe "escala de prevenção" para violência doméstica

A Ordem dos Advogados (OA) defende a criação de uma "escala de prevenção" para o acompanhamento jurídico do crime de violência doméstica, proposta que há um ano aguarda "luz verde" do Ministério da Justiça.

Ordem dos Advogados propõe "escala de prevenção" para violência doméstica
Notícias ao Minuto

09:01 - 08/03/24 por Lusa

País Ordem dos Advogados

Em declarações à Lusa, a bastonária da OA recordou que, "praticamente desde o início do mandato", iniciado a 9 de janeiro de 2023, tem exigido essa escala de prevenção, que funcionaria "em todo o país e, principalmente, junto dos gabinetes de apoio à vítima".

O que se pretende, explica Fernanda de Almeida Pinheiro, é que, no momento em que a vítima apresenta a sua queixa, tenha um advogado, "que seja também, simultaneamente, um técnico de apoio à vítima, para poder prestar imediatamente o seu apoio localmente, enquanto está a ser feita a denúncia", explicita.

"Isto foi proposto, logo no início do mandato, ao Ministério da Justiça. Ainda não obtivemos luz verde para essa situação, o que muito se lamenta", disse, sublinhando que este tema "é uma preocupação muito grande deste Conselho Geral [da OA]".

Por isso, Fernanda de Almeida Pinheiro diz que aguarda, "com grande ansiedade" que "um próximo Governo (...) olhe para esta situação e (...) permita que este apoio possa ser prestado no imediato".

Lembrando que a Ordem reclama essa possibilidade "já há algum tempo", a bastonária constata: "Só assim conseguimos salvaguardar, de forma cabal, os interesses das vítimas e os seus direitos, que muitas vezes não são exercidos precisamente por falta de aconselhamento jurídico."

Questionado pela Lusa, o Ministério da Justiça respondeu, por escrito, que a primeira Estratégia Nacional para os Direitos das Vítimas de Crime, aprovada pelo Governo a 07 de dezembro do ano passado, contou "com a colaboração da Ordem dos Advogados", realçando que os "comentários e sugestões" da bastonária -- que participou "no 'focus group' institucional, realizado no dia 22 de junho de 2023" -- foram "levados em consideração".

Sem responder concretamente à questão da criação de uma escala de prevenção, mas confirmando que "este tema foi aflorado" pela bastonária, após tomar posse, o Ministério da Justiça sublinha que a referida estratégia (em vigor para o período 2024-2028) "prevê o reforço da garantia de acesso à justiça em condições de igualdade para todas as vítimas".

Entre as medidas concretas estão duas que também foram apontadas pela atual bastonária como fundamentais: a nomeação automática e gratuita de defensor oficioso para vítimas especialmente vulneráveis e a possibilidade de criar um regime que assegure a nomeação preferencial do mesmo defensor oficioso para os vários processos desencadeados pelo mesmo facto.

"Da mesma forma que é atribuído, automaticamente e perante uma acusação do Ministério Público, um defensor oficioso ao arguido, o mesmo tem de acontecer com a vítima, a quem deve ser facultado um patrono no imediato", realça Fernanda de Almeida Pinheiro, contestando a discriminação entre agressores e vítimas.

Esse advogado ficaria também responsável por "acompanhar a vítima em toda a sua questão e problemática", porque "muitas das vezes, o processo de violência doméstica, que é o processo criminal, não é o único que a vítima tem de acautelar", assinala.

Divórcio, responsabilidades parentais, divisão de casa comum, atribuição de morada da família são alguns dos exemplos mais comuns.

A Ordem dos Advogados entende que "estes processos devem ser todos seguidos pelo mesmo advogado, (...) por uma questão de estratégia processual, mas também para evitar revitimização, para que não tenha a vítima de estar a contar a sua história duas ou três vezes", observa.

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